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#6VerdeArquiteturaArteArtes VisuaisDesign

Amarello visita: Bhering

Bhering Maravilha

O progresso do Rio de Janeiro cruzou duas vezes com a história da fábrica de chocolates Bhering – e um terceiro encontro, decisivo, parece em pleno curso. Rui Barreto, atual proprietário, costuma dizer que a trajetória da empresa confunde-se com o desenvolvimento e com a ocupação da cidade.

Agora, no entanto, sob uma diferença relevante: depois de desalojada duas vezes, e sempre de forma arbitrária, pelo prefeito Pereira Passos – responsável pelas monumentais intervenções urbanas que modernizaram o traçado do Rio no início do século XX –, a sede carioca finalmente integra o processo de transformação.

Instalada, desde a década de 1880, na estreita rua Sete de Setembro, a Bhering seria desapropriada para dar espaço à nascente avenida Rio Branco. Transferida, então, para a 13 de Maio, em seguida teria de arrumar novo endereço, desta vez devido à construção do Theatro Municipal, de quem se tornara vizinha.

“Nesse período – conta Rui – houve um litígio entre o Theatro e a Bhering. Todo o sistema de distribuição da fábrica era feito por carroças de dois burros. Eram quarenta carroças e, portanto, oitenta burros a defecar e urinar em frente ao Theatro, na hora da ópera. Dependendo do vento, era uma tragédia… Isso resultou numa campanha pública para tirar a Bhering dali”.

A nova mudança levou a empresa para a única região que, nos primeiros anos do século XX, parecia oferecer futuro – local que reunia todas as condições para um crescimento consistente: a zona portuária do Rio de Janeiro.

“Era uma área nova, aterrada, com o porto novo. Tinha tudo para ter êxito. Mas aquele sonho, de que realmente fosse uma região de grande futuro, desapareceu com o tempo. O porto acabou se transformando na zona mais decadente da cidade, a mais abandonada, a mais relegada pelo setor público” – contextualiza Rui.

O processo de esvaziamento da fábrica teve início em 1980, quando a circulação de veículos de transporte foi inviabilizada pelo acanhamento do entorno. As ruas do Santo Cristo, estreitas, estavam preparadas apenas para carroças e carros pequenos. “Nossa estrutura – registra Rui – transformou-se em um ‘peru no pires’. Uma construção imensa, com vinte mil metros quadrados, em um local sem meios de receber caminhões de grande porte”.

Com as dificuldades relativas à logística agravadas, a direção da empresa optou por levar o maquinário para a unidade de Varginha, no sul de Minas Gerais, e vendeu o equipamento restante. Em seguida, começou-se a pensar no que fazer com o prédio.

Em tempo: quem não se lembra da bala boneco, aquela, rosa, que tinha formato de um moleque robusto e que – para desespero dos dentistas – fez imenso sucesso nas décadas de 1970 e 1980? Pois bem: era um produto da Bhering, que já não o fabrica mais, dedicando-se apenas ao café Globo e ao chocolate em pó.

No lugar onde outrora eram produzidas toneladas de doces, hoje – vencendo o período de obscuridade e quase abandono para se reinventar num novo e dinâmico uso – há uma série de ateliês e estúdios de artistas, que devolveram vida e movimento à antiga fábrica por meio de expressões variadas: escultura, pintura, fotografia, arte sonora e digital etc. Também funcionam no local, por exemplo, uma gráfica, uma editora e uma loja de móveis de madeiras, e é comum realizarem-se ali filmagens para cinema, televisão e propaganda. (Em breve, aliás, será inaugurado um restaurante, que atenderá a demanda crescente daqueles que trabalham no edifício).

Quase 100% dos espaços estão ora alugados, e cerca de sessenta pessoas aguardam na fila, espécie de lista de espera, por uma vaga – o que se intensificou com chegada do projeto Porto Maravilha, que pretende revitalizar a zona portuária do Rio. As obras, capitaneadas pelo governo municipal, já começam a alterar a paisagem da região e, neste contexto, deixam o prédio da Bhering – cuja estrutura foi trazida da Alemanha – numa posição privilegiada.

O Santo Cristo, um apêndice do Centro longamente esquecido, é bairro de fácil acesso e tem ótima localização, bem próximo do Aeroporto Santos-Dumont. Transformou-se, faz pouco, num lugar relativamente tranquilo depois que Unidades de Polícia Pacificadora [as famosas UPPs] foram implantadas nos morros da Providência e do Pinto. Hoje, as pessoas que trabalham em seus arredores circulam sem medo e frequentam restaurantes, lojas de material de construção, bancos, farmácias, supermercados, sapateiros, estofadores e toda sorte de estabelecimentos da vizinhança.

Algo promissor – saudável – desenvolve-se ali, e a modalidade de ocupação da antiga fábrica da Bhering talvez seja o recorte mais representativo do que está em curso: despretensiosa e plural, reúne linguagens e propostas independentes num ambiente não necessariamente artístico, mas favorável à arte, à criação, à troca.

ARTISTAS QUE ESTÃO POR LÁ:

Abel Duarte, Alessandra Bergamaschi, Alessandro Sartore, Alexandre Rangel, Ana Ouro Preto, Barrão, Beatriz Carneiro, Brígida Murtas, Cadu, Carina Bokel, Carolina Martinez, Chiara Banfi, Daniela Dacorso, Denise Terra, Dudu Garcia, Elisa Pessoa, Fábia Schnoor, Felipe Messina, Gabriel Jauregui, Gabriela Bonomono, Gabriela Maciel, João Magalhães, Jorge Luiz Fonseca, Jorge Vasconcellos, Jozias Benedicto, Luciana Palhares, Maíra das Neves, Marcelo Jácome, Rodrigo Miravalles, Veridiana Leite e Vivian Caccuri, entre outros.

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