#23EducaçãoCulturaLiteratura

A revolução que vem do berço

por Léo Coutinho

A revolução que vem do berço. O editor da Amarello informou o prazo para entrega do texto: 8 de março. Coincidência ou não, Dia Internacional da Mulher. Sob o tema Educação, o pedido vinha acompanhado de um combinado tácito formado ao longo desses seis (!) anos de colaboração: ambientar o tema no universo político. Educação política, portanto, e, com a coincidência, o papel da mulher nessa construção.

Impossível não começar reconhecendo o poder da mulher sobre a formação do Homem. As chances de qualquer pessoa ter recebido de uma mulher as primeiras noções de educação são quase absolutas. Salvo raríssimas exceções, as mães são as primeiras responsáveis pela educação dos filhos, diretamente seguidas pelas professoras. Reconhecendo o poder, reconhecemos também a responsabilidade.

Num panorama rápido pela luta dos direitos das minorias, encontra-se pela história recente casos de negros escravagistas, assim como são conhecidos casos de judeus nazistas. Há uma enormidade de gays que não toleram bissexuais ou qualquer outra forma de sexualidade sem rótulo. Sul-americanos que apoiam Donald Trump? Há por aí. Mas me arrisco a dizer que, entre as minorias, nada supera a quantidade de mulheres machistas. Seja por atavismo, conveniência ou convicção, elas estão entre nós.

Tivemos Cleópatra, Catarina de Médici, Catarina da Rússia, Margaret Thatcher. Princesa Isabel e Alzira Vargas. Chiquinha Gonzaga, Pagú, Bibi e Zuzu. Dilma também, sim senhor. Tem a Mara e a Marina. Tem a Luana. E pode ser Hillary depois do Obama.

Citar exemplos históricos e contemporâneos tem seu lado bom. Mas é triste notar que são exceções ante a unanimidade de mães com todo seu poder transformador subestimado. Tão triste quanto os números.

Você que assina ou compra revista em banca provavelmente viverá mais do que 85 anos e conhece gente dessa idade em plena atividade. Pois saiba que há 85 anos as mulheres no Brasil ainda não votavam. Mais números? Em 2014 o número de mulheres eleitas para o Congresso Nacional cresceu, mas ainda não superou os dez por cento, sendo que 39,8% delas são chefes de família. Pior? Nos dez primeiros meses de 2015 foram registrados 63.090 casos de violência contra a mulher, média de um a cada sete minutos.

Não resta dúvida de que a realidade precisa ser transformada. Por onde? Bom, são 67 milhões de mães no Brasil. Meu palpite é que a revolução começa no berço.