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Design

Casa de Marimbondo: tradição e design entrelaçados

por Revista Amarello

A Casa de Marimbondo é uma nova e promissora marca sergipana de mobiliários e artefatos brasileiros. Emergindo como uma ode à tradição entrelaçada com uma visão contemporânea, ela traz consigo um vínculo íntimo entre o artesanato ancestral e a expressão moderna do design. Sua primeira coleção, de objetos do cotidiano e da cultura do pantanal sergipano, carrega muito desse propósito, sendo inspirada na natureza orgânica e comunitária do povoado do Tigre, em Pacatuba, onde mantemos a tradição originária de viver no tempo e do que a natureza oferece. 

Prometendo carregar o bastião do design trançado em tradições atemporais, a marca floresce sob a parceria entre a multiartista Naná Oliveira e a arquiteta Giovanna Arruda.

Giovanna é responsável por traduzir o bioma, concretizando o sentir do ambiente em artefatos e mobiliários. Como arquiteta, indica o espaço, direciona os tamanhos e formas do que está sendo produzido.

“No caso da Casa de Marimbondo”, conta a arquiteta, “falar sobre tradição não está diretamente ligado ao desenho e funcionalidade do mobiliário de forma isolada, nós prezamos pela singeleza da estrutura para que o trabalho artesanal seja o protagonista. Ele traz a preservação dos modos de vida, manualidades e memórias, antecedendo a chegada dos mobiliários ao Brasil durante os processos migratórios, que foram sendo adaptados à disponibilidade de nossas matérias primas.

Em um período em que tudo pode ser replicado de forma muito rápida, lidar com os processos artesanais, o tempo das pessoas e da natureza é um desafio. São nesses processos de produção, principalmente os que não têm o auxílio de maquinário, onde cada artesão imprime sua personalidade nas peças. É inegável perceber a riqueza de autenticidade e originalidade das artesanias produzidas nas comunidades tradicionais do país, sobretudo no norte e nordeste. Neste espaço, queremos ser protagonistas tanto na fabricação quanto na narrativa do que se é produzido aqui.”

E se Giovanna cuida da parte mais técnica do empreendimento, Naná é quem cuida da parte mais espiritual. Junto com a comunidade na feitura das peças, ela traça a palha, trama ideias e comunica o passado de tradição com o presente de preservação.

“Sem a comunidade e sua bagagem histórica”, diz ela, “não haveria criação de mobiliário e artefatos. É a partir dos modos de vida e da influência direta do bioma local que a comunidade do povoado Tigre manifesta sua arte. Para explicar de forma mais didática, precisamos compreender a formação das famílias e detalhar como as pessoas lidam com a natureza ao seu redor. Naquele território, se pesca na costa oceânica, se marisca nos muitos e grandes lagos, extraem taboa dos pântanos e lagoas, se planta e se cria animais. Para toda lida baseada no extrativismo e agricultura familiar, é necessário a criação de artefatos e é nesse momento que se percebe a sabedoria e criatividade de um povo. Foi a esse cenário que a Casa de Marimbondo trouxe um olhar contemporâneo.”

Nesse universo de criação que evoca energias de épocas e entidades distintas, cada objeto é mais do que uma simples peça — é um testemunho da relação simbiótica entre o artesão e a matéria-prima, entre a tradição e a inovação. No caso da coleção de Pacatuba, símbolos do cotidiano da comunidade são transmutados em artefatos que transcendem sua utilidade original: o puçá que as mulheres usam para mariscar, o tear onde é trançada a taboa e o barco utilizado para retirar as fibras naturais das lagoas transformam-se em ícones de um legado vivo.

“Sempre dizemos que o artesanato é o fio condutor entre um povo e sua cultura”, escreve a marca em suas redes sociais. “É através da manualidade que materializamos o que vemos ao nosso redor, que transformamos a necessidade da vida em arte.”

Naná Oliveira em foto de Victoria Araújo.

A jornada criativa da Casa de Marimbondo é tecida com fios de taboa e o suporte do vergalhão. A taboa é uma planta aquática que vive de mãos dadas em suas raízes, envolvendo-se umas com as outras. Sua flor é um espigão de farta quantidade de sementes, que se dissipam com o sopro do vento. Em sua exuberância natural, passa por três etapas para compor as formas e texturas das peças. 

Na colheita, é preciso ter força e sabedoria para dar um talho na taboa, com precisão, rente ao chão. No desfiar, usa-se o método mais condizente com o que será produzido: o desfiar de cabeça, um trabalho mais denso, é usado para cestos e esteiras, ao passo que o desfiar fino e preciso na lateral da planta é para tranças em sua delicadeza natural. A etapa final é o trançar, momento pessoal do processo, em que todas essas histórias são contadas em forma artesanal. Enquanto isso, o vergalhão, haste de aço que faz parte dos mobiliários interioranos pelo seu baixo custo e longevidade, molda a estrutura dos mobiliários com sua simplicidade e robustez, conferindo-lhes durabilidade e caráter.

E a esses processos e materiais se soma a vontade superior e inquestionável da vida natural. Como também escreve em suas redes sociais, a marca “trabalha no tempo da natureza. É a chuva que enche as lagoas e o sol que baixa as águas. É a natureza que nos diz o tempo do corte, do desfiar, secar, de criar e trançar nossos mobiliários.” Há nas produções da Casa de Marimbondo, portanto, aquela aura mística e insubstituível do que vem das entranhas verdes de nossas terras. Independentemente de onde elas estejam, o espírito do biossistema se faz presente, pronunciando-se através de uma forma final que respeita seu poderio intrínseco.

A colaboração entre Naná e Giovanna adentra um território onde a história e a identidade se entrelaçam. Cada etapa do processo de criação é permeada por uma profunda devoção pela tradição, enquanto simultaneamente se busca explorar novas possibilidades e interpretações. Das mãos habilidosas das artesãs à mente visionária da arquiteta, surge uma síntese harmoniosa entre passado e presente.

“A arte é a representação do cotidiano de cada comunidade, de cada povo. É necessário viver para compreender o território. O povo que vive ali cria seus modos de viver e sua própria estética a partir da necessidade cotidiana. Tudo está conectado, a natureza e a comunidade. O artesanato existe para suprir as necessidades cotidianas. Quando a arte popular da comunidade é preservada, toda a história do lugar se mantém viva.”
— Naná Oliveira

Ao contemplar as peças da Casa de Marimbondo, somos convidados a mergulhar em um universo onde a beleza reside na simplicidade, onde a herança cultural se mescla com a estética contemporânea. Cada cadeira, espreguiçadeira e tamborete é um elo entre gerações, uma manifestação exuberante da resiliência e da criatividade de um povo.

“Assim como a culinária e a música, o artesanato é uma das formas de conhecer mais sobre um povo. Por meio dele é possível verificar se sua origem é fruto de inquietações artísticas comunitárias ou pessoais, se surgiu para suprir alguma necessidade cotidiana. Percebemos o porquê da mesma matéria prima ser esmiuçada em um determinado local de um jeito e em outro lugar de outro completamente diferente. Também quais as lutas e anseios daquele povo e a forma como vivem.”
— Giovanna Arruda

Assim, a Casa de Marimbondo ergue-se como um farol de esperança e prosperidade, oferecendo sobretudo oportunidades de empoderamento e sustento para as mulheres das comunidades tradicionais nordestinas. Em cada trançado, ecoa o espírito resiliente e vibrante de Pacatuba e outros pontos, convidando-nos a celebrar a riqueza da cultura brasileira em sua forma mais autêntica e inspiradora.

Como a própria marca carrega em seu slogan: aquilo que se convencionou ser chamado de design, elas preferem chamar de tradição.

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