Por muitos anos, o ato de possuir objetos foi considerado símbolo de manifestação de poder. O colecionismo sempre foi ligado à ideia de posse. Com o passar do tempo, tomou uma outra proporção e se transformou em uma atitude materialista, e ultrapassou sua função anterior. Hoje, ele não é mais associação ao poder, e sim, ao prazer.
Vindo de uma família de artistas, Luiz Henrique Campos, 45, é programador visual, e coleciona, há mais de 20 anos, diferentes tipos de objetos. Sob forte influência de sua família, que fazia parte do teatro e da televisão brasileira, Luiz começou a colecionar tudo o que se relacionava a esse universo, cartazes, programas e fotos que hoje somam mais de 150 objetos.
Luiz mora com a mãe – que o influenciou, guardando suas roupas e objetos de criança – em um apartamento extremamente organizado, onde começou a armazenar todas as suas coleções, em seu quarto. Após alguns anos, juntou tanta coisa, que viu sua coleção invadir corredores e outros cômodos do apartamento. “Sei exatamente onde encontrar cada coisa rapidamente”, diz ele, tamanha é a ordem. São mais de 15 coleções que vão desde vacas, bonecas e revistas até objetos da realeza britânica. A coleção tem seu item mais raro, uma xícara da coroação da Rainha Elisabeth II, da década de 1950, junto com a coleção da Around, revista do anos 1980, que era dificílima de ser encontrada mesmo na época que era editada. Ele conseguiu as que fazem parte de sua coleção quando descobriu onde era a redação, e comprou direto da fonte.
Mesmo não sendo fã da modelo Gisele Bündchen, nos anos 1990, com a explosão de sua carreira, viu ali uma ótima oportunidade para começar a juntar revistas nas quais ela saía na capa. Hoje, são mais de 350 revistas – incluindo a que demos de presente quando fizemos a visita. Canecas, pôsteres, lápis, souvenirs, bonecos, xícaras de Andy Warhol, David Bowie, e Kate Moss. Também faz parte do seu universo uma coleção absurda, de mais de 520 dvds.
Sua primeira e maior coleção tem 24 anos e é a de vacas. Seus amigos o ajudaram bastante, dando de presente sempre que viam algum objeto relacionado, chegando hoje a mais de 160.
Além de colecionar objetos, Luiz tem o hábito, que começou em 1988, de escrever diários. Anotava tudo o que fazia, colava reportagens de jornal, fotos dos amigos e familiares, ingressos de shows, o que faz até hoje. Claro que em uma escala bem menor, pois a vida mudou. Sua agenda atual tem duas linhas para cada dia do mês.
Luiz nunca deixou nenhuma de suas coleções de lado. Nesses mais de 20 anos colecionando, ele alimentou todas elas. Mesmo pensando que poderia ter comprado um apartamento com todo o dinheiro já gasto até hoje, ele não se arrepende, e continua buscando ou esperando que esses objetos surjam de forma inusitada em sua vida.