“Efrain Almeida faz da escultura uma possibilidade de autoimagem, autoficção, onde o lugar geográfico, o interior do Ceará, passa a se apresentar na madeira característica daquela região, a umburana, deixando, muitas vezes, o lugar atravessar seu corpo, apresentado em autorretratos. Esta arte assumira a primeira pessoa como situação, um lugar que questionara o formalismo autônomo, apresentando problematizações sobre a diferença, a desigualdade.”
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“Da mesma forma que Efrain se vincula a expressões de uma dada cultura popular brasileira, também partilha de códigos próprios aos criadores urbanos e eruditos. Por isso, em vez de uma bem encaixada relação entre o local de nascimento e a identidade do artista, poderíamos pensar naquilo que Marc Augé definiu como uma ‘individualidade de síntese’. O sujeito, assim, transitaria entre uma concepção mais geral de cultura e aspectos de sua própria individualidade conquistados numa trajetória de vida.”
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“Ampliando o sentimento de sagrado, Efrain Almeida se direciona a uma instância liminar. As obras se posicionam entre o descanso e o vôo, a formação de um desejo e sua execução. Tal qual na constituição de um território sagrado, o espaço projetado não é homogêneo, mas sim pontuado por diferenças. Cada escultura pode criar uma ruptura e um congelamento na imagem do vôo, nas poses do corpo, imagens que só conseguimos apreender de uma só vez. O artista, então, nos dá a possibilidade de fixar o relance e refletir sobre a efemeridade de ‘instantes súbitos que trazem em si a própria morte’, como nas afirmações de Clarice Lispector.”