Skip to content
Revista Amarello
  • Cultura
    • Educação
    • Filosofia
    • Literatura
      • Crônicas
    • Sociedade
  • Design
    • Arquitetura
    • Estilo
    • Interiores
    • Mobiliário/objetos
  • Revista
  • Entrar
  • Newsletter
  • Sair

Busca

  • Loja
  • Assine
  • Encontre
Fotografia de Denison Fagundes
#41FagulhaArteArtes Visuais

Na capa: Xadalu

Xadalu Tupã Jekupé (Alegrete, 1985) vive em Porto Alegre (RS) e sua pesquisa desdobra-se em pintura, serigrafia, vídeo, fotografia e objetos. Articula múltiplas linguagens ao tensionar a cultura ocidental e os saberes indígenas, encarando sua prática artística como um recurso contra o apagamento das culturas autóctones nas Américas, com foco especial na aniquilação sistêmica das memórias ancestrais no Rio Grande do Sul. Reverte esses processos a partir do diálogo e da reintegração com os povos guarani-mbyá em prol do resgate e do reconhecimento da sua comunidade, que habitava as margens do Rio Ibirapuitã, antiga Terra Indígena Ararenguá (Alegrete).

Nesse sentido, seu percurso se inicia na arte urbana, a partir de uma análise da relação estabelecida entre a cidade e seu entorno, evidenciando distintas possibilidades de ocupação territorial de áreas historicamente expropriadas. E a depuração de seus interesses logo direciona seus trabalhos para as instituições, convertendo acervos e espaços expositivos como locus para inscrição de culturas anteriormente subjugadas. Desse modo, seu movimento de descoberta e a retomada de sua genealogia familiar levam a entender o pertencimento como uma prática de compartilhamento, que traz à tona não apenas os embates culturais, mas também o regime de violência letal resultante dos conflitos oriundos da disputa por demarcação de terra no Brasil.

Na capa desta edição da Amarello, Xadalu Tupã Jekupé apresenta a obra inédita Tata Piriri (2022), aludindo aos mitos de origem relacionados com a posse do fogo e as cisões advindas dessa relação, na qual o enigma da existência humana atravessa o domínio e a manipulação de materiais combustíveis que liberam luz e calor. A criação e o controle do fogo marcaram uma mudança na conexão entre homem e natureza, influenciando na alimentação a partir do desenvolvimento de métodos de cocção, na manutenção da temperatura corporal pelo uso como fonte de calor e na proteção do coletivo diante de outras espécies. Não por acaso, essa tecnologia integra quase a totalidade dos mitos de origem da humanidade. O trepidar da brasa, que, segundo a sabedoria guarani-mby, é transportada na boca do sapo, advoga o equilíbrio entre os quatro elementos clássicos articulados na explicação da natureza e da complexidade da matéria.

Nesta pintura, o domínio do fogo não se dá por meio da agência humana, mas do sapo, anfíbio capaz de inter-relacionar todos os elementos em seus ciclos vitais, necessitando da água e da terra e, também, invocando o ar para mudança de sua configuração corporal. Desse modo, o fogo passa a ser encarado não como deflagrador das queimadas que, entre 1985 e 2020, devastaram quase 20% de todo o território nacional, problema que na atualidade soma-se ao desmonte sistemático das estruturas e políticas públicas que promovem a proteção ambiental. Nesta cosmogonia, o transporte e o compartilhamento do fogo apresenta-nos um novo modelo de interação entre as matérias que compõem nossa biosfera, uma fagulha como proposta para a ruptura diante do modelo de desenvolvimento atual. 


Compartilhar
  • Twitter
  • Facebook
  • WhatsApp

Conteúdo relacionado


Sonhos não envelhecem

#49 Sonho Cultura

por Luciana Branco Conteúdo exclusivo para assinantes

Entre a kitanda e o samba: mulheres negras, sementes e reinvenções

#41 Fagulha Cultura

por Pâmela Carvalho

Los finales de una obra de Vitor Florido

#21 Solidão Arte

por Victor Florido Conteúdo exclusivo para assinantes

Um dia de paz

#9 Obsessão Arte

A Esfera Imaginal de Alex Červený

#36 O Masculino Arte

por Rodrigo Petronio Conteúdo exclusivo para assinantes

Yves Saint Laurent: reflexões sobre beleza e gosto

#14 Beleza Design

por Everton Barreiro Conteúdo exclusivo para assinantes

Heroína da própria história: Dandara Suburbana e o prazer em primeira pessoa

#48 Erótica Literatura

por Revista Amarello

Trégua

#36 O Masculino Cultura

por Gui Mohallem Conteúdo exclusivo para assinantes

O mundo tacanho de nossas bolhas

Cultura

Poesia: Sara Ramos por Natasha Felix

#43 Miragem Cultura

por Natasha Felix

Estrangeiro de nós mesmos

#31 O Estrangeiro Cultura

por Jorge Caldeira

Uma conversa com Spirito Santo

#45 Imaginação Radical Cultura

por Pitter Rocha

Offline

#30 Ilusão Arte

por Bruno Cosentino Conteúdo exclusivo para assinantes

  • Loja
  • Assine
  • Encontre

O Amarello é um coletivo que acredita no poder e na capacidade de transformação individual do ser humano. Um coletivo criativo, uma ferramenta que provoca reflexão através das artes, da beleza, do design, da filosofia e da arquitetura.

  • Facebook
  • Vimeo
  • Instagram
  • Cultura
    • Educação
    • Filosofia
    • Literatura
      • Crônicas
    • Sociedade
  • Design
    • Arquitetura
    • Estilo
    • Interiores
    • Mobiliário/objetos
  • Revista
  • Amarello Visita

Usamos cookies para oferecer a você a melhor experiência em nosso site.

Você pode saber mais sobre quais cookies estamos usando ou desativá-los em .

Powered by  GDPR Cookie Compliance
Visão geral da privacidade

Este site utiliza cookies para que possamos lhe proporcionar a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.

Cookies estritamente necessários

O cookie estritamente necessário deve estar sempre ativado para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.

Se desativar este cookie, não poderemos guardar as suas preferências. Isto significa que sempre que visitar este website terá de ativar ou desativar novamente os cookies.