#42ÁguaFotografia

Na capa: Pedro Perdigão

PEDRO PERDIGÃO vive no Rio de Janeiro, estando nele presentemente ou não. Desde a mais tenra idade, tirou muito dos ares marítimos que enchem seus pulmões aonde for — do surfe à linguagem. As praias que o compõem remontam uma existência à beira-mar que o ensinou a ser respeitoso e paciente com aquilo que (ainda bem) não controla.

Apaixonado por observar e, acima de tudo, por entender diferentes perspectivas e comportamentos, foi editor de revista, diretor criativo de muitos projetos e colaborou com todo tipo de artista nos mais distintos contextos. Nessa jornada por outras paisagens, encontrou um grande interesse em construir atmosferas por meio de imagens, chegando num processo próprio de derreter os entornos e, tomando a forma que precisar, transformar-se no espaço e na narrativa.

Para esta edição, apresentamos um dos excertos da sua série Azul no Zênite, um arranjo de registros ardentes, com corpos inundados nos mistérios de suas próprias presenças. Na imagem que estampa esta capa avermelhada, vemos no centro uma figura solitária e mística, também em tons abrasados, que nos lembra Iara, a Mãe d’Água. Pelos elementos presentes no registro inventivo de Pedro Perdigão — céu, mar, areia —, temos a sensação de estar diante de um universo invertido em que o azul emana a sua amenidade, mas o faz de dentro para fora, como se a soma da amenidade com o calor gerasse vulnerabilidade.

Iara, praia, cosmos, todos despidos, num conjunto esfumado e escuro exposto a nós (e somente a nós) da maneira mais íntima.