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#11SilêncioCulturaLiteratura

O país dos muitos hinos

por Juliana Cunha

Na cozinha, um radinho inofensivo é a voz do Estado dentro de sua própria casa. Ele toca notícias sobre o novo satélite lançado ao espaço e músicas que enaltecem a cumplicidade familiar e a amizade entre colegas de trabalho. O volume pode ser reduzido, mas não dá para desligar o aparelho. E você só queria fritar um ovo.

“Minha esposa é aquela que me ajuda a transmitir o espírito revolucionário para nossos filhos” – diz a canção, que se pretende de amor, mas cuja grandiosidade esmaga esses pequenos sentimentos que um sujeito possa ter por sua mulher, como uma vontade súbita de abraçá-la enquanto ela lava a louça.

Estamos em Pyongyang, na Coreia do Norte, lar do Grande e do Querido Líder. A única dinastia comunista da história. O país mais fechado do mundo. Um povo que baniu o silêncio de seu território a machadadas. Ficar na sua é difícil. Em algum lugar sempre está tocando uma música com cara de hino nacional. Todas, absolutamente todas as músicas têm cara de hino nacional. E, como todos sabem cantá-las, a impressão é de um hasteamento de bandeira que não acaba nunca. Mais e mais alto com a bandeira da DPRK, chegaremos até a lua de modo mais eficiente que nossos foguetes.

Convivo bem com a ideia de usar as mesmas roupas e o mesmo xampu que as outras pessoas. Convivo bem com a ideia de ver padronizados minha casa e o iogurte que tomo pela manhã. Nada disso é muito diferente do que vivemos no ocidente, só a embalagem. Mas ouvirmos sempre, todos, as mesmas músicas, aí já é demais. Pense no quanto as canções te ajudaram, lá no ginásio, a delimitar o que era o outro e o que era você. Pense no quão abjeto é o gosto musical das outras pessoas, do seu próprio irmão. Até seu melhor amigo – uma pessoa sensata em outros aspectos da vida – ouve Coldplay. Um rádio doméstico que não pode ser desligado. Um repertório musical uniforme e limitado, que unifica gerações e diferenças individuais numa ensurdecedora falta de opção. Essas são algumas lembranças complicadas que trago das férias que passei na Coreia do Norte.

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