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Portfólio: Daisy Xavier

A arqueologia da perda, de Daisy Xavier, surge como uma operação a um só tempo formal e existencial. Ora, a arte, em geral, seria sempre isso. Sim, mas existem casos nos quais tal vínculo surge de maneira mais evidente. E este é um desses momentos. Toda realizada a partir da apropriação de móveis antigos, espécie de legado, a série de esculturas é fruto do gesto de desmembrar um mobiliário e, a partir destes fragmentos de uma memória que poderia permanecer paralisada, colocar a mesma em movimento, assim instaurando um destino inaudito.

O que vemos são peças simultaneamente fortes e frágeis. Delicadas, mas sólidas na sua fatura. Assimétricas, como que resultado de uma escrita automática, mas cientes de onde querem chegar ou ao menos de onde devem parar. Em algumas delas vidros azuis fazem a vez de elo, aquilo que cria o vínculo, em outras aparecem como apoio. Justo o vidro, elemento que guarda em si a quebra iminente. Cada fragmento – o pé de uma mesa, o braço de uma cadeira – esgueira-se um no outro. Sozinhos não seriam nada. Esta existência que exibe, sem pudores, a sua precariedade de fundo, a necessidade de se esgueirar para ficar de pé, tudo isso é o que doa a insuspeita força na fragilidade do trabalho de Daisy.

Arqueologia, do grego arque, antigo e logos, estudo, é a disciplina que estuda as culturas e os modos de vida do passado a partir de vestígios materiais. A artista tece sua arqueologia a partir de restos que possuem uma conotação familiar, mas que, ao passarem pelas suas mãos, adquirem um registro estranho. Estamos diante de estranhos familiares. Ficção a partir do mais próximo, que evoca justamente o ciclo pelo qual passaram: desconstrução e reconstrução, dinâmica que faz surgir uma potência ativa ali onde habitava perda, falta.

Fazer a arqueologia do que se foi é construir a chance de um novo presente e de um futuro diverso do mesmo. Trata-se de reescrever a memória à sua maneira, recriá-la, ficcioná-la. Realizar tal operação sem cair em uma narrativa ilustrativa ou biográfica, mas sim na pura forma, eis a singular beleza que se dá na obra de Daisy Xavier. Obra que nos endereça um ar de esperança naquilo que nos diz, baixinho, vá lá e desconstrua para reconstruir, a seu modo, aquilo que foi perdido ou ficou pelo caminho.

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