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#6VerdeCrônica

Verde é o dólar

por Léo Coutinho

Desenho de Márcia de Moraes

Todo mundo achou que era a Amazônia e outras florestas, que era o meio ambiente, o ecossistema, como queiram chamar. Mas verde é o dólar. E o fato é que quem pode salvar ou destruir a Terra é o mercado, como ficou claro diante do risco de calote nos Estados Unidos. Se o dólar acabar, a humanidade acaba junto.

A velha pergunta didática que busca ensinar a tolerância serve hoje como metáfora econômica: “o que seria do verde se todos gostassem do amarelo”? Pois é. Quando inventaram o dólar, para cada George Washington impresso em verde havia o valor correspondente em ouro amarelo depositado na Reserva Federal dos Estados Unidos. Era uma maneira de garantir a moeda.

Funcionou tão bem que o dólar chegou onde chegou e continuou firme mesmo depois que, ante tamanho crescimento da economia, o “capricho” do lastro foi solenemente abandonado.

O abandono do lastro é simbólico: da mesma maneira que fazer o verde crescer prevaleceu sobre a necessidade de o amarelo acompanhá-lo, o outro verde, aquele da Amazônia, foi posto em segundo plano, criando um círculo vicioso: extrair, desmatar e poluir para gerar uma riqueza etérea; continuar extraindo, desmatando e poluindo para mantê-la. Se o império americano respeitasse a premissa do lastro, tanto o verde do dólar quanto o verde da mata estariam salvos.

Alguém há de argumentar que, dessa maneira, não haveria riqueza para todos. Mas é claro que haveria. Educação, saúde, moradia, diversão e arte estariam garantidas. E até um carro bom para a família, anel de ouro para as datas especiais e viagens bacanas uma vez a cada dois anos. Mas, para crescer e se sentir cada vez mais rico, o homem precisou remar junto. O banqueiro então disponibilizou o crédito para que cada membro da família possuísse um automóvel, para que se pudesse viajar duas vezes a cada ano e, de vez em quando, beber vinhos de milhares de dólares. A freguesia não resistiu e pegou. Deu no que deu.

Mas, se a bolha que estourou em 2008 foi do povo, agora é muito pior, porque caloteiro é o governo. Os democratas botam a culpa nos republicanos, dizendo que foram eles que gastaram uma barbaridade em guerras sem fim e endividaram o Estado em catorze trilhões – seja lá o que for isso. Mas me parece que, se lá atrás os democratas tivessem um grupo mais à esquerda disposto a perder votos como o Tea Party está hoje, impondo corte de despesas e de impostos à revelia do desespero mundial, as chamadas de capital para financiar a guerra inútil contra o terror ou as inexistentes armas proibidas do Saddam poderiam ter sido evitadas, e a dívida não seria tão grande assim.

Agora, para salvar os verdes e o planeta, não basta esse acordo americano, que nada mais é do que empurrar o problema com a barriga: se faz urgente uma revisão geral das dívidas, não só das públicas, mas das privadas também. O modelo brasileiro de anistia é uma solução: quem gastou, gastou; quem não gastou, não gasta mais. Vão dizer que é paliativo, e é mesmo, na medida em que não doutrina. Mas, em se considerando a opção, que é falência, fome e mais guerra, não custa tentar. De qualquer maneira, antes seria bom enfiar na cabeça do homem que a vida simples é a melhor que existe, que as emoções verdadeiras – digo o amor, a amizade, o prazer de contemplar – são mais ricas que a euforia, a aflição e o delírio da vitória.

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