Skip to content
Revista Amarello
  • Cultura
    • Educação
    • Filosofia
    • Literatura
      • Crônicas
    • Sociedade
  • Design
    • Arquitetura
    • Estilo
    • Interiores
    • Mobiliário/objetos
  • Revista
  • Entrar
  • Newsletter
  • Sair

Busca

  • Loja
  • Assine
  • Encontre
#15TempoCulturaLiteratura

Mero detalhe

por Léo Coutinho

Obra de Ricardo Alcaide

A expressão está surrada, mas a imagem está aí e, a despeito do aquecimento global, tão logo não vai derreter: “a ponta do iceberg”, através da qual se imagina o tamanho da montanha de gelo boiando com pelo menos 80% de seu volume submerso.

Em quase tudo na vida, e especialmente em política, o tempo pelo qual o Homem é avaliado pode ser considerado a ponta do iceberg. Nas artes, dizem de uma obra que ela levou tanto tempo sendo composta. Na agricultura, comparam a produção por safras. Nem o amor escapou: teve sua medida condenada ao tempo de duração. E o legado de um político é vulgarmente reduzido aos anos de seu mandato.

É uma simplificação da vida prejudicial a todos nós. Tão óbvio como a parte submersa do iceberg é que o tempo de uma obra de arte vai muito além do estágio de confecção; que, numa lavoura, a história da terra conta mais do que a da safra; que o amor só é amor se for eterno; e que o mandato de um político começa muito antes do dia da posse. Mas a gente se acomodou a enxergar só a ponta do iceberg.

O caso do presidente Tancredo Neves é exemplar. Lutou anos a fio pela redemocratização, pelas eleições diretas para a Presidência da República, transformou o colégio eleitoral revertendo a maioria a seu favor e contra o candidato da ditadura militar, e foi eleito, mas, antes de tomar posse, acabou vitimado por uma diverticulite.

Qual seria, então, o tempo do Doutor Tancredo? Começa no esforço incondicional pela travessia rumo à democracia? Ou antes, como parlamentar, ministro, primeiro-ministro, governador? Ou muito antes, pela genética herdada do avô José Juvêncio das Neves, que enfrentou o Império na luta pela República?

Como poderíamos definir a qual tempo ele pertence se, trinta anos depois de sua morte, ainda continuamos a admirar sua obra como se apresentada ontem? Como restringir a importância do que plantou a um período, se a democracia ainda é tão verde e tenra e requer cultivo perene? Como dimensionar o sacrifício da própria vida, através da saúde negligenciada, se não como um amor infinito pelo Brasil? Este é o legado político de Tancredo Neves, o da dedicação total à causa, à utopia, à liberdade.

Em política, o tempo é o que separa os Homens. Políticos comuns ajudam a construir a História. Mas a História só pode ser contada através da participação dos estadistas. E, para eles, o tempo é mero detalhe.

Compartilhar
  • Twitter
  • Facebook
  • WhatsApp

Conteúdo relacionado


Sonhos não envelhecem

#49 Sonho Cultura

por Luciana Branco Conteúdo exclusivo para assinantes

Rumo a Ítaca

#10 Futuro Cultura

por Helena Cunha Di Ciero Conteúdo exclusivo para assinantes

Minha vida é uma novela

#18 Romance Cultura

por Hermés Galvão Conteúdo exclusivo para assinantes

Do jeito que é

#19 Unidade Arte

“Tudo o que respira”: a interferência do homem na natureza

Cinema

por Revista Amarello

A chama e o fogo que queimam a casa da criança

#33 Infância Arte

por Thiago Blumenthal

Lego >> Louisiana

#8 Amor Arte

por Maru Scatamacchia Widden Conteúdo exclusivo para assinantes

Corpa Infinita

#39 Yes, nós somos barrocos Arte

por Rafael Bqueer Conteúdo exclusivo para assinantes

Reflexo

#17 Fé Cultura

por Helena Cunha Di Ciero Conteúdo exclusivo para assinantes

Buscando raízes, derrubando árvores

#50 Família Sociedade

por Leticia Lima Conteúdo exclusivo para assinantes

Bastidores da estrada

#5 Transe Arte

por Charly Braun

Sobre o consumo

#52 Satisfação Filosofia

por João Quartim Moraes Conteúdo exclusivo para assinantes

Fantasia

#2 Nu Cultura

por Antonio Biagi Conteúdo exclusivo para assinantes

  • Loja
  • Assine
  • Encontre

O Amarello é um coletivo que acredita no poder e na capacidade de transformação individual do ser humano. Um coletivo criativo, uma ferramenta que provoca reflexão através das artes, da beleza, do design, da filosofia e da arquitetura.

  • Facebook
  • Vimeo
  • Instagram
  • Cultura
    • Educação
    • Filosofia
    • Literatura
      • Crônicas
    • Sociedade
  • Design
    • Arquitetura
    • Estilo
    • Interiores
    • Mobiliário/objetos
  • Revista
  • Amarello Visita

Usamos cookies para oferecer a você a melhor experiência em nosso site.

Você pode saber mais sobre quais cookies estamos usando ou desativá-los em .

Powered by  GDPR Cookie Compliance
Visão geral da privacidade

Este site utiliza cookies para que possamos lhe proporcionar a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.

Cookies estritamente necessários

O cookie estritamente necessário deve estar sempre ativado para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.

Se desativar este cookie, não poderemos guardar as suas preferências. Isto significa que sempre que visitar este website terá de ativar ou desativar novamente os cookies.