Skip to content
Revista Amarello
  • Cultura
    • Educação
    • Filosofia
    • Literatura
      • Crônicas
    • Sociedade
  • Design
    • Arquitetura
    • Estilo
    • Interiores
    • Mobiliário/objetos
  • Revista
  • Entrar
  • Newsletter
  • Sair

Busca

  • Loja
  • Assine
  • Encontre
#19UnidadeCulturaLiteratura

E eu que era triste?

por Vanessa Agricola

Hoje é a primeira vez que saio de casa depois do nascimento da Teresa. Está menos 16 graus aqui fora. O vento frio, a luz do sol, o gelo na calçada, me dão vontade de gritar: – Eu não estou mais grávidaaa! Mas a emoção é tanta que fico calada. Trato de fechar os olhos e aproveitar ao máximo a sensação de estar sozinha. Respiro o ar congelante. Tenho o impulso de abrir os braços, igual no Titanic.

Cuidado antes de ter filhos. Você pode se tornar essa pessoa muito estranha, que fica muito feliz só de ir sozinha até a esquina. Ou de fumar um cigarro e tomar uma cerveja, mesmo que você não fume e não goste de cerveja. É um êxtase reviver aquele tipo de vida que só os sem-filhos têm. Passar uma madrugada baixando música, uma manhã de domingo lendo a Folha…

Outro dia, no meio do dia, Joãozinho dormiu e Maria também. Aí eu pensei, nossa, que momento mágico, os dois dormindo! Preciso aproveitar esse momento para fazer alguma coisa que não faço há anos. Sei lá, jogar um tarô. Mas sabe o que eu fiz? Comprei brinquedos pros dois na Amazon. Aí quando terminei, os caras acordaram ao mesmo tempo chorando. Corri eu prum quarto, o pai pro outro.

Cuidado antes de ter dois filhos. Você pode acabar com o seu casamento. Se não houver muito amor, mas muito amor mesmo, sobrando, daqueles que transbordam e descartam o tesão, roupas bonitas, cabelos lavados, nem tenha filhos. Compra um gato.

Tenho conversado muito com Doutor Paulino sobre isso. Desde que sou mãe, eu já não sei mais quem eu sou. Eu que só pensava em trabalhar e nunca mais trabalhei. Eu que queria tanto ser roteirista e recusei um trabalho para a TV Cultura. Eu que nunca mais pintei o cabelo, nem fumei maconha.

Antes do projeto maternidade, uma guru indiana me avisou que não ia ser fácil ser mãe. “Filhos demandam muito tempo”, mas eu não imaginei que fosse todo o tempo do mundo. E também não imaginei que eu ia querer passar o tempo todo com eles. E ia dispensar a babá, e dar todos os banhos, e tirar todas as melecas, e analisar a consistência de todos os cocôs (e cheiros).

O que restou daquela garota cuja razão da vida era a independência, Doutor Paulino? Aquela garota que entrava no carro, abria as janelas, ligava o som alto e ia até Paraty sozinha ler livros. Aquela Vanessa que não ia casar e hoje não abre uma lata sem pedir pro marido. O senhor está me entendendo? Eu virei a mãe dos meus filhos? A mulher do meu marido? Um pedaço de nós quatro? Me fala! Se for, eu não me importo.

(E quem tiver um analista que responda às suas perguntas, me mande o contato.)

Gostou do artigo? Compre a revista impressa

Comprar revista

Assine: IMPRESSO + DIGITAL

São 04 edições impressas por ano, além de ter acesso exclusivo ao conteúdo digital do nosso site.

Assine a revista
Compartilhar
  • Twitter
  • Facebook
  • WhatsApp

Conteúdo relacionado


Até quando, Daniel?

#32 Travessia Crônica

por Vanessa Agricola

A família cabe na política?

#50 Família Sociedade

por Nicolau da Rocha Cavalcanti Conteúdo exclusivo para assinantes

Melodia das Tramas e a riqueza da tapeçaria brasileira

Design

por Revista Amarello Conteúdo exclusivo para assinantes

Dois e dois são dois: Andressa Núbia e Jean Azuos

#45 Imaginação Radical Arte

Conversa Polivox: Juliana Perdigão

#33 Infância Arte

A experiência transformadora do maior restaurante subaquático do mundo

Arquitetura

O som afrofuturista

#45 Imaginação Radical Arte

por Pitter Rocha

Homens Flores

#28 O Feminino Arte

por Bruno Cosentino Conteúdo exclusivo para assinantes

Brasil: amor e progresso

#13 Qual é o seu legado? Cultura

por Emmanuel Rengade Conteúdo exclusivo para assinantes

Controle remoto

#6 Verde Crônica

por Camila Fremder Conteúdo exclusivo para assinantes

Uma antiga história sem fim: por que a guerra?

Sociedade

por Revista Amarello

Amanhecer

#39 Yes, nós somos barrocos Cultura

por Thanara Schönardie

  • Loja
  • Assine
  • Encontre

O Amarello é um coletivo que acredita no poder e na capacidade de transformação individual do ser humano. Um coletivo criativo, uma ferramenta que provoca reflexão através das artes, da beleza, do design, da filosofia e da arquitetura.

  • Facebook
  • Vimeo
  • Instagram
  • Cultura
    • Educação
    • Filosofia
    • Literatura
      • Crônicas
    • Sociedade
  • Design
    • Arquitetura
    • Estilo
    • Interiores
    • Mobiliário/objetos
  • Revista
  • Amarello Visita

Usamos cookies para oferecer a você a melhor experiência em nosso site.

Você pode saber mais sobre quais cookies estamos usando ou desativá-los em .

Powered by  GDPR Cookie Compliance
Visão geral da privacidade

Este site utiliza cookies para que possamos lhe proporcionar a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.

Cookies estritamente necessários

O cookie estritamente necessário deve estar sempre ativado para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.