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#Terra: Especial 10 anosCrônicaCulturaLiteratura

Achados e perdidos

por Vanessa Agricola

Lembram daquela historinha, do menino que acha o pinguim, quer dizer, o pinguim toca a campainha da casa do menino e vai entrando, e o menino, sem saber o que fazer com o bicho, leva ele para o Achados e Perdidos?

Esqueceram um guarda-chuva, um chapéu, mas ninguém esqueceu um pinguim, não senhor.

Então o menino construiu um barquinho para levar o pinguim para o Polo Sul. É lá que os pinguins moram, o menino descobriu. E, depois de enfrentar o mar aberto, os dois chegam, e o menino se despede do pinguim, que fica junto com todos os outros pinguins do Polo Sul, e vai embora, sozinho, de volta para casa. Só que, no meio do caminho, ele se dá conta de que o pinguim era seu único amigo. E o pinguim, lá no Polo Sul, junto dos outros pinguins, também sente falta do menino. Então o pinguim e o menino correm para reencontrar um ao outro. O menino chega no Polo Sul e não acha o pinguim. O pinguim vai para o alto mar e não acha o menino. Mas, no final feliz, felizmente, eles se reencontram e seguem juntos, de volta para casa?

Mas o que essa história tem a ver com a Terra?

Depende. Se você se identifica com o menino ou com o pinguim. Os dois não são iguais.

O menino não saiu do seu lugar, foi o pinguim que tocou a campainha. Mas ele foi generoso de ajudar o estranho, e recebê-lo. Emprestando até o seu travesseirinho.

Ele era o menino.

O pinguim era um outsider. Pinguins não são daqui, são lá do Polo Sul. Mas lá no Polo Sul, junto dos outros, ele não se sentia em casa.

Eu era o pinguim.

E você? É um achado ou um perdido?

Ele era um achado.

O menino era um anjo, que abriu a porta para o perdido, e ele tinha um radinho que o pinguim gostou tanto. É bonito quando o menino tenta esconder o radinho em cima do refrigerador – e eu só não falei geladeira porque não ia ser tão bonito quanto foi a cena; ele, finalmente, deixando o pinguim brincar com seu objeto tão querido. Só um anjo faz uma coisa dessas.

Mas eu te digo uma coisa, o pinguim merecia.

No Polo Sul, o pinguim era um coitado, que ninguém nunca viu, afinal são bilhões de pinguins no Polo Sul.

Sete bilhões e meio. Todos iguais.

Todos perdidos.

Mas parece que tem um bilhão e meio querendo ser salvos, e o pinguim certamente era um deles. Dos únicos que sabem que, além do Polo Sul, existe um menino. Um extraterrestre que nunca faria mal a um pinguim, nunca fez.

Eu te amo, pinguim, o menino falou para ele, antes de o pinguim descer do barquinho, de volta para o Polo Sul. O pinguim disse, eu também te amo muito. De fato, foi um abraço que disse tudo isso. E o menino deu para o pinguim o radinho de presente.

Já descobriu quem é você?

Quando você diz que eu sou muito difícil, virando os olhos de lamentação para um, para todos.

Quando a Josy disse que ela deu o apelido do meu filho, Antônio, de Pim.

Eu sei que não é simples.

Eu posso, sim, ser um monstro quando você não sabe respeitar o meu amor pelo meu menino.

Você também é um monstro. E um anjo. E isso é que é complicado.

Todo mundo é um achado e um perdido.


Originalmente publicado na edição Terra

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