Trabalho de Adriana Varejão

Minha ideia sobre o Feminino é muito pessoal e delicada, pois faz parte da minha vivência como mulher. Ainda que não tenha nascido mulher, me tornei mulher.

Tenho certo cuidado em não contextualizar de forma errônea o campo lexical da palavra Feminino: feminismo, feminilidade, feminicídio, feromônio, e por aí vai…

Como a maioria das mulheres trans, a tendência ao feminino e o descobrimento do universo feminino são fortes desde criança e marcados por ações positivas e negativas. Sempre sonhei em ser mulher, em viver como mulher. Hoje, sou realizada em um mundo que ainda não vê isso com bons olhos. Mas vivo, e agradeço a Deus por ter conquistado meu lugar ao sol.

Acredito que, sendo uma professora com 23 anos de magistério, só tenho a contribuir, valorizando o universo feminino, que aos poucos vem ganhando um espaço merecido – e tomara que melhore.

Para muita gente, hoje em dia, o universo do feminino não se limita apenas a mulheres heterossexuais. Vejo, já por algum tempo, homens héteros femininos, lésbicas femininas, gays andróginos, travestis e trans. Sinto na pele a dor e a delícia de ser o que é uma trans – sim, uma trans feminina, que adoro ser no meu dia a dia.

Feminino, para alguns, ainda remete ao sexo frágil. Não no meu caso. Para ser quem sou, batalho todo dia, para mostrar que estereótipos negativos são de pessoas de pensamento fraco. Biologicamente, não tenho cromossomos XX, mas, na prática, meu modo de ser mostra o quanto sou feminina.

Adoro ver o lado feminino do ser; todo mundo tem um lado feminino. O melhor de tudo é quando você faz uso da feminilidade, e, quando o resultado dá certo, fico em êxtase. Tão em voga atualmente, o feminismo segue sempre lutando pelos direitos das mulheres e sendo interpretado de várias maneiras.

Particularmente, sou mais o feromônio, usado tantas vezes, de várias formas. A minha fica nos cinco sentidos, literalmente: tato, audição, visão, paladar e olfato. O melhor jargão ou frase de impacto para resumir minha vida: “Aceita que dói menos”.