#49SonhoEditorial

Sonho — Amarello 49

Com capa de Gleeson Paulino, registrada durante a festa de bate-bolas, no Rio de Janeiro, a Revista Amarello lança a edição Sonho.

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Como uma pessoa nascida nos anos 80, cresci escutando que o Brasil era o país do futuro.

Depois de quarenta anos, oito presidentes, dois impeachments, um sem-fim de escândalos, injustiças, impunidades e uma pandemia traumática, esse sonho ruiu. Não existe mais. E acredito que isso seja bom.

A perda da esperança nos coloca em um lugar de ação. É uma saída forçada da inércia tropical — algo que talvez tenha nos faltado nas últimas décadas.

Diante da tragédia moral e institucional que vivemos, gosto de me apegar à delicada imagem da inocência de uma criança, que continua acreditando em seu sonho mesmo depois de acordada.

É com essa delicadeza que tento olhar para o mundo ao meu redor, apesar da impermeabilidade causada pelos algoritmos digitais. Com lealdade aos que gosto, com um olhar carinhoso para os animais e para a natureza, sendo fiel à minha essência e acreditando nesta revista que você tem em mãos, há quinze anos. Assim, me jogo no abismo de sonhar um país mais igualitário entre raças, gêneros e classes. Um país que eu gostaria de viver e nunca vivi. Um país melhor, brasileiro como tem que ser, e não “um país do futuro”.

Chegou a hora de pararmos de sonhar, dormindo individualmente, e vivermos o sonho acordados coletivamente.

Tomás Biagi Carvalho

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