Folhinhas, série de Manuela Costa Lima. A artista assina a capa da edição Amarello Família. Foto de Mario Grisolli.

“Só podemos falar nossa própria
língua quando acertarmos
as contas com a língua
de nossos pais

O que é meu, José Bortoluci

Minha avó paterna, quando ficou viúva, achou que um ano “guardando luto”, como mandavam os bons costumes, era tempo demais. Contrariando as fofoqueiras da cidade, encheu a mala com roupas coloridas e batom vermelho e decidiu fazer um cruzeiro. O tempo da dor era determinado por ela, e não pela norma vigente. Era uma mulher moderna para a época: deixou as cartas que enviaria da lua de mel já prontas antes do casamento, para não perder tempo precioso da viagem. Tinha pressa de curtir a vida, sabia que ela passava depressa. Diziam que, quando ia à igreja, o calor do interior era tal que ela erguia a saia na missa para se abanar, e, quando reprimida pelas minhas primas, temendo que mostrasse a calcinha, dizia: “Não quer ver estrela, não olhe para o céu”.

Minha família materna é mineira, e, desde que me entendo por gente, uma cesta com forro de crochê e um punhado de pão de queijo é o jeito mais lindo de ser cuidada por alguém. Quando me casei, decidi dar um almoço para alguns amigos. Em cima da hora, liguei para minha mãe e pedi os tais forrinhos de crochê bordados pela minha tia, pois a casa não estava completa sem eles. Lembro-me tanto dela na cozinha, seus dedos amassando a massa de pão de queijo, sujos de manteiga. Até hoje, quando mexo na massa, recordo a textura das suas mãos. O polvilho preenchia a tigela, sujando seu anel. A pressa em me agradar era tanta que nem se lembrava de tirar a joia, tingindo-a de farinha em um instante. Recordo a voz da minha mãe ecoando pela cozinha, brigando com minha tia por causa do descuido com a joia de família: “Tira o anel da mamãe! Para de mimar essa menina. Você faz tudo o que ela pede”. Outro dia, antes do café da manhã de meus filhos, fui limpar o porta-manteiga e, ao sentir a gordura em meus dedos, era como se estivesse encostando outra vez na sua mão.

Aos domingos, quando era pequena, eu podia escolher: ir à missa com minha mãe ou nadar com meu pai. A verdade é que eu tinha muita dificuldade em prestar atenção no sermão do padre e, às vezes, até fugia para brincar com uma amiga no quintal da igreja. Minha mãe cansou de brigar e acabou cedendo: a piscina vencia. Bem cedo, fazia minha mala com maiô e toalha e íamos aproveitar o dia de sol. Antes de começarmos a brincar na água, eu tinha que aguardar meu pai nadar seus dois mil metros, seu esporte diário. Ele então inventou uma técnica para me ajudar a esperar: a cada piscina que nadava, ele ia até a borda e me contava um pedaço de filme. Depois, nadava outra piscina, voltava e me oferecia mais um pedaço. Eu esperava cada capítulo como quem aguarda uma saborosa fatia de bolo esfriar antes de comer.

Foi assim que conheci a lealdade da amizade. Com Cinema Paradiso, emocionei-me com a história do menino Totó, que salva Alfredo de um incêndio que o deixa cego. Numa manhã de verão, com a história de Cidadão Kane, descobri toda a solidão que grandes fortunas podem trazer. Desde cedo, admirava a valentia de Scarlett O’Hara e o valor do trabalho com sua célebre frase: “Jamais sentirei fome novamente”. Entendi as dores dos desencontros ao conhecer a história do casal de Tarde demais para esquecer, que marcam um encontro no Empire State Building, em Nova Iorque, mas a moça é atropelada antes de atravessar a rua. Compreendi a rivalidade entre irmãos ao assistir Baby Jane. Quando chove, sinto vontade de dançar na chuva à la Gene Kelly, e tenho certeza absoluta de que Fraulein Maria foi minha babá.

São tantos os filmes que nadam de braçada no meu livro de memórias que hoje, adulta, acredito que essas lições tenham sido mais eficientes do que um sermão de missa, pois reverberam dentro de mim com muito mais intensidade do que qualquer oração. Estão em meu altar, como referências pelas quais, muitas vezes, passeio na busca de compreensão do mundo. Hoje, a piscina ainda está lá, mas meu fim de semana tem outros barulhos: crianças correndo pela casa. Às vezes, passo pela piscina olímpica, olho saudosa para a raia e relembro aquela menina sentada na borda, ansiosa pelo próximo capítulo da história. Após tantos anos, há apenas silêncio e águas paradas. A verdade é que essa memória pertence a um outro capítulo da minha história familiar, que foi definitivamente encerrado no ano passado, quando desfiz o apartamento da minha mãe, após sua partida.

Assistir nosso lar se transformar em uma fotografia é uma missão quase impossível. Encaixotar aquilo que nos fazia sentir que havíamos chegado em casa é uma experiência que esmigalha a alma. Uma moldura afetiva se desmantelou quando fechei a porta da casa onde cresci, e todos aqueles objetos tornaram-se resíduos de uma história familiar que não existe mais, da qual sou a única testemunha que sobrou. Ainda temo levar bronca da minha mãe quando vejo suas coisas fora do lugar — quadros no chão, louças embaladas em jornal. Penso que ela brigaria comigo pela desordem e, em seguida, percebo que tanto ela quanto meu pai hoje mudaram-se para a bagunça do meu coração.

Doar os DVDs de filmes clássicos, colecionados por tantos anos pelo meu pai, foi duro demais, assim como as roupas e todos aqueles objetos que um dia me aconchegaram. Antes da chegada do novo inquilino da minha antiga casa, via as caixas de papelão nos cantos e cantarolava em silêncio: “Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada”. Ninguém sai imune ao tempo, e assistir à nossa sagrada família (com todos os seus sagrados defeitos) evaporar é atravessar o abismo do desamparo. Criamos filhos também para aguentar ver o mundo de onde viemos desaparecer. E, ao mesmo tempo, tentamos recriá-lo, consertá-lo a partir de nossa própria experiência. Teremos nossos erros, que certamente serão apontados pela geração sucessora com a mesma intensidade com que, um dia, apontamos os defeitos de nossos pais. Mas tentaremos acertar, assim como eles tentaram, e inevitavelmente falharemos em muitos aspectos. Porque mães e pais são feitos de material humano, e portanto, imperfeitos.

Na família, aprendemos a amar e a odiar, como disse Freud em Romances familiares. A criança, até certo momento, idealiza os pais e, posteriormente, na adolescência, ao descobrir as falhas dessas figuras parentais anteriormente idealizadas, vai em busca de novos heróis, de outros modelos de identificação. Para o autor, “Todo esforço para substituir os pais é uma expressão de saudade, de um lamento pelos dias felizes que se foram”.

Quando crescemos, contudo, somos surpreendidos pelo fato de que há algo das raízes de nossa infância que nunca nos abandona e que segue sendo replicado na rotina do dia a dia. É como um forro de crochê no qual repousa nossa alma. O filme da nossa família original continua dentro da gente, ainda que estejamos maduros, ainda que eles não mais existam. Nunca é tarde demais para esquecer quem já fomos, e nossas estruturas enquanto indivíduo se perpetuam enquanto existirmos.

Hoje sou adulta, mãe, e ocupo um lugar diferente do que já conheci. A verdade é que nossa posição familiar é dinâmica, assim como a vida. Nossos papéis vão se alternando conforme o trabalho do relógio: a filha torna-se mãe, o pai torna-se avô. E esse dinamismo das estações temporais é fundamental também para nosso crescimento e para a compreensão de que nada é estático, tudo se renova. E sempre há uma possibilidade de recomeço, de futuro.

Acompanho, na clínica psicanalítica, de forma muito próxima, essas possibilidades de renascimento e reorganização das relações. Filhas e mães que viviam em atrito e que, quando a filha vira mãe, se reaproximam; pais que conseguem se separar após a saída dos filhos de casa; e por aí vai.

Como dizia meu pai: a chance de ser feliz existe enquanto a gente está vivo. Novos capítulos, novas histórias sempre podem surgir. E é preciso criar laços para tolerar, razoavelmente, o desamparo de assistir às mudanças e ao desaparecimento da nossa família de origem.

Essa sensação familiar é passível de ser recriada pela nossa capacidade de criarmos laços. Aqui, quando me refiro a laços, não são necessariamente filhos; podem ser amigos, planos, sonhos. Qualquer projeto futuro que nos tire das perigosas garras da nostalgia de um tempo que não mais existe, que nos faz viver a vida de olho no retrovisor e nos aponte o norte de uma nova possibilidade, um novo rumo. Uma mala de vestidos coloridos para que possamos dançar novamente.

Atualmente, tenho um novo ritual dominical: cozinho para as crianças. Quando ponho a mesa para a minha família, coloco a toalha da minha avó, os talheres da minha tia, faço a receita de pesto do meu pai e não empilho pratos ao tirar a mesa, como me ensinou minha mãe: assim encontro todos nós juntos de outra forma. Embora meus domingos já não contem com a presença física desses personagens, tudo o que ganhei deles em vida é, de alguma forma, reproduzido e, silenciosamente, homenageado nessas novas reuniões dominicais, uma nova temporada do filme da minha vida. Essa é a maior herança que quero deixar para meus filhos: a crença de que reencontros no tempo e no espaço são possíveis, que nada se perde por completo se for plantado com uma conexão genuína. E conexões genuínas não precisam ser perfeitas para serem imortais; precisam ser inteiras.

Sem título, xilogravura de Anna Maria Maiolino (1942). A artista ítalo-brasileira é uma das homenageadas da 60a Bienal de Veneza (Divulgação).

“Além da extraordinária perspicácia, a grande amplitude de visão desse homem e o fato de que ele mesmo estava de tal maneira no controle de um grande movimento se faziam sentir, especialmente em público. Presenciei esse aspecto de Freud nas reuniões da Sociedade Psicanalítica de Viena, nas quais esse homem aparentava ser um gigante em meio a pigmeus.”

Sigmund Freud por Max Halberstadt (Domínio público via Wikimedia Commons).

Ler isso, e tendo ouvido o nome “Freud” pipocar aqui e ali nos mais variados contextos, faz surgir a pergunta: como devia ser a experiência dos pacientes do criador da psicanálise? Abram Kardiner, psiquiatra e psicanalista americano, mata um pouco dessa curiosidade no livro Minha Análise com Freud, lançado recentemente pela editora Quina

É verdade que, no caso de Kardiner, ele teve a oportunidade por ser um prodígio no mundo da psicologia e sua análise, portanto, serviria mais como um testemunho de como Freud aplicava sua psicanálise na prática e menos como uma terapia contínua. Mas, ainda assim, foi uma jornada que gerou um contato próximo com uma das pessoas mais influentes da história recente da humanidade.

“Poucas pessoas tiveram o privilégio de ser analisadas pelo próprio Freud. (…) Se eu fosse mais jovem, hesitaria em revelar os fatos biográficos necessários para essa empreitada. Em minha idade, no entanto, o que importa não é tanto dar uma contribuição à Freudiana, sobre a qual já existe material abundante. Minha motivação é um pouco diferente – revelar sua técnica, tanto quanto possível, em um caso específico.”

O psiquiatra Abram Kardiner (Bernard Gotfryd | Library of Congress)

Para se ter uma ideia de quem foi Abram Kardiner e entender o porquê dele ter sido selecionado para uma experiência como essa, basta citar alguns de seus feitos posteriores: foi responsável por promover estudos revolucionários sobre as interseções entre a psicanálise e a antropologia, além de ter feito contribuições seminais para a compreensão dos efeitos psicológicos do trauma e do estresse social, ajudando a estabelecer os fundamentos para o estudo moderno do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Embora nem sempre tão reconhecido, ajudou a expandir a psicanálise para além das fronteiras da psicoterapia individual.

Minha Análise com Freud, lançado fora do Brasil originalmente nos anos 1970, tem como força os trechos pessoais e reveladores do próprio autor, que compartilha suas experiências durante a análise entre 1921 e 1922, assim como suas reflexões sobre Freud enquanto analista e pessoa. Como o autor escreve no prefácio, a obra se caracteriza não como uma especulação sobre a teoria freudiana, mas por “revelar sua técnica, tanto quanto possível, em um caso específico.” Não à toa, um dos aspectos mais interessantes do livro é a análise crítica que Kardiner faz da própria análise que o dr. Freud está conduzindo. Ele discute sua técnica, apontando tanto suas virtudes quanto suas limitações. 

Revela, por exemplo, como Freud utilizava o complexo de Édipo como estrutura central da análise, mas também como se desviava de sua teoria da libido em determinados momentos. “Ele praticamente não falou nada sobre o erotismo anal, exceto de passagem (…). Em outras palavras, a análise foi iniciada com o complexo de Édipo, a derivação da constelação de dependência, com sua homossexualidade inconsciente, como uma das resoluções dos fracassos para resolver o complexo de Édipo satisfatoriamente, em cujo estado Freud me encontrou.”

Porém, ainda que cutuque uma ou outra atitude do psicanalista, Kardiner reconhece o “gigante entre pigmeus” quando escreve sobre a abordagem terapêutica de Freud, destacando sua habilidade única na interpretação dos sonhos e nas associações livres. Diferente dos outros, ele não lançava mão dos discursos inacessíveis, a genialidade de Freud também se manifestava ao fazer interpretações em linguagem comum, sem se prender excessivamente a formulações teóricas: “O que tornou Freud um analista extraordinário foi o fato de, pelo menos naquela época, ele nunca utilizar formulações teóricas, fazendo suas interpretações em linguagem comum.”

Ao longo do texto, Kardiner compartilha insights valiosos não apenas sobre Freud, mas também sobre o contexto histórico e cultural da Viena do início do século XX. Ele destaca a influência da psicanálise na sociedade da época e levanta a bola para falar das tensões e rivalidades entre os principais nomes do movimento psicanalítico, como Alfred Adler. Chega a ser curioso imaginar essas pessoas carregando qualquer tipo de rivalidade, mas acaba sendo um deleite. “Na verdade, não havia muitos psicanalistas – talvez uns quinze ou vinte –, mas todos eles tinham de passar por Freud, de modo que ele tinha um grande controle tanto sobre os aspectos econômicos quanto sobre o progresso do grupo. Não se podia deixar de reconhecer que essa influência era perniciosa, uma vez que também criava um bocado de rivalidade, brigas internas e manobras entre seus discípulos, levando a que se bajulasse aquele que era o grande provedor.”

Com sua narrativa envolvente e análises perspicazes, Abram Kardiner nos leva pelas profundezas da mente humana, principalmente na sua. No meio disso, nos convida a refletir sobre o legado duradouro de Sigmund Freud, o que talvez seja o que a obra tenha de mais instigante. 

Hoje em dia, a psicanálise continua a ser uma influência significativa no campo da psicologia e da psicoterapia, embora tenha enfrentado críticas e desafios ao longo dos anos. Muitos terapeutas ainda utilizam conceitos fundamentais da psicanálise, como o inconsciente, a transferência e a interpretação dos processos mentais, como base para sua prática clínica. A psicóloga Karin Silva1 acredita “ser importante considerar que Freud rompeu com paradigmas científicos muito fortes da sociedade da qual fazia parte e daquele cenário histórico”, sendo inegável “que a teoria psicanalítica freudiana trouxe contribuições singulares para o campo da psicologia em geral ao propor um método que valorizasse mais a singularidade e a complexidade dos processos subjetivos.”

No entanto, a abordagem psicanalítica evoluiu e se diversificou, incorporando ideias de outras escolas de pensamento, como a psicologia humanista, a terapia cognitivo-comportamental e a psicologia positiva. Essa integração de diferentes perspectivas permite uma abordagem mais holística e flexível, adaptada às necessidades individuais dos pacientes.

Dentro da comunidade científica e acadêmica, a psicanálise tem sido objeto de críticas e debates, especialmente em relação à sua eficácia em comparação com abordagens mais orientadas para evidências. Apesar disso, muitos defensores da psicanálise argumentam que sua ênfase na compreensão profunda dos processos mentais e emocionais, bem como na relação terapêutica, oferece benefícios únicos que podem não ser captados por métodos exatos. Na visão de Karin, “a psicanálise é injustiçada no campo das ciências quando dizem que ela não é científica devido ao fato dela não reproduzir um modelo de ciência parecido com o das ciências naturais e exatas.” 

Ao refletir sobre o futuro da psicanálise, isso nos anos 1970, o próprio Abram Kardiner escreve: “Devemos aprender a diagnosticar as doenças do nosso tempo e aquilo que está acontecendo na mente humana, numa cultura cujos padrões básicos estão se alterando a uma velocidade estrondosa.”

E Karin endossa sua opinião, voltando os olhos, inclusive, para o Brasil: “O fato da psicanálise ter sido criada no período Moderno em uma sociedade europeia voltada para as elites, pouco foi considerado na disseminação desta abordagem no Brasil. Por essa razão, por muito tempo e muitas vezes ainda na atualidade, a psicanálise pode apresentar uma leitura reducionista e individualista da subjetividade. Isso porque a realidade da maior parte da população brasileira, que é negra e/ou pertencente a classes populares, vivencia dilemas e problemáticas muito diferentes do público considerado por Freud na elaboração das suas teorias. Não é à toa que, por muito tempo com o aval da psicanálise freudiana, a psicologia no Brasil foi reduzida à psicologia clínica e acessada somente pelo público elitizado, os únicos com condição financeira e tempo para falar sobre suas aflições.”

O Sigmund Freud pintado por Kardiner de fato temia pelo futuro da psicanálise. Ele tinha medo de que ela fosse ficar restringida — daí a importância das adaptações temporais, culturais e socioeconômicas. Portanto, para além de sua leitura agradável e acessível, Minha análise com Freud serve como um lembrete de que, mesmo em uma era de avanços tecnológicos e mudanças sociais rápidas, as questões fundamentais da psique humana permanecem profundamente arraigadas e requerem uma exploração contínua e sensível para alcançar uma compreensão mais profunda e um bem-estar emocional duradouro. 

Com esse livro, publicado no Brasil pela primeira vez, conseguimos vislumbrar um pouco da experiência de ser analisado por um fundador do seu campo de conhecimento — e, a partir daí, vislumbramos também a ressignificação sempre necessária de seu corpo teórico.

Mesmo presentemente, a psicanálise carrega uma responsabilidade para com as pessoas, sendo a oportunidade para um renascimento depois que todos os impedimentos tivessem sido removidos. Adaptando-se a novos divãs e a novas realidades, ela pode “fazer o bem”, da forma como Freud e Kardiner acreditavam que ela era capaz.


1Karin Silva, mestre e doutoranda em psicologia, é psicóloga clínica e social ([email protected] / @_profpsi)