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O Masculino

por J. E. Beni Bologna

Editor convidado da edição O Masculino #36

Ante o pedido dele para ler seu próprio escrito, o grupo ficou em silêncio.

Lui leu.

“O Circo e o Fogo”

Estou escrevendo um pequeno ensaio crítico abordando o tema da atual opressão sobre os humanos que se encaixam na seguinte descrição:

Homem, masculino, heterossexual, culto, branco, produtivo, trabalhador, familiar, leal, fiel, patriótico, ético, distributivo, provedor, consciente da necessidade da sustentabilidade em seus diversos aspectos – ambiental, econômica, social –, biograficamente avesso à violência repressora, avesso a preconceitos, afetivo, responsável pelos filhos, amigo dos amigos, contribuinte tributário, e outras virtudes.

Hoje, esse clássico “homem homem” vem sendo inegociavelmente tratado pelas mulheres, pelos filhos, pelas mídias e por todas as autointituladas “minorias” como um opressor preconceituoso, machista, chauvinista, reacionário, violento e outros absurdos, num fenômeno sociocultural e midiático cuja histeria está cometendo a injustiça, e o desatino, de cuspir na mão amiga, protetora, disponível, humilhando os dedicados, cuja índole e disposição são, social e historicamente, imprescindíveis e louváveis.

Embora, como se insiste, “nunca o mundo foi melhor do que o atual”, ao mesmo tempo – e talvez por isso mesmo –, nunca o mundo, à guisa de uma pretensa “(r)evolução cultural”, foi tão injusto e tão ingrato com sua própria história de aquisições, tão imediatista e tão autodestrutivo em função de sua cegueira moral, sua gula patogênica e sua inveja ressentida e vitimada.

Se, um dia desses, uma explosão de conservadorismo da pior vertente, realmente truculento e repressivo, acontecer – já há sinais eleitorais –, que não digam os analistas que a culpa se restringe aos arcaicos opressores, mas que tenham a decência e a dignidade de acrescentar que as palavras e as condutas passaram dos limites, desequilibrando o sistema no sentido oposto ao que pretendeu equilibrar. Se o pêndulo, que um dia pendulou no extremo da opressão patriarcal despótica, foi correta e compreensivelmente puxado para o meio, mas em seguida levado ao outro extremo, certamente seguirá outra fase de opressão.

O “discurso da inclusão” está excluindo quem ele acha que a todos excluía, mas esquecendo que, entre esses, muitos, muitos, não excluíam. Ao contrário, protegiam, e estão sendo massacrados. Um dia desses, em defesa do próprio espaço existencial, e portanto do direito e da dignidade de existir, serão obrigados à mesma violência que claramente estão sofrendo, absurda e injustamente.

Será triste, regressivo, e destrutivo. Já dá sinais, e ocorrerá nas famílias, entre amigos, nas escolas, no trabalho, até mesmo no lazer. Afetará os hábitos íntimos, galgará o discurso público, atingirá o Estado, as mídias, as praças, as alcovas e os salões.

O intuito de diálogo, equilíbrio e inclusão terá fracassado pela mais irônica razão: se excedendo de maneira inaceitável, esse esforço irá tornar-se exatamente aquilo que se dispôs a transformar.

Espero que aqueles que praticam tais excessos e que conseguem perceber o claro apelo expresso aqui – e, portanto, não o fazem com consciência intencional do seu ódio estruturado – enxerguem o recorrente e histórico perigo: inabilmente provocar e acentuar exatamente o que pretendem reduzir e eliminar. Quanto aos que o fazem por “projeto ideológico anarquista, mascarado de virtudes solidárias”, que a lucidez da maioria não se deixe infantilmente seduzir, enganar, nem cooptar. Ou seja, termino já exercendo a, justa, irritação (felizmente ainda contida) derivada dos excessos: – Que se restrinja apenas aos palhaços a alegria, suicida, de ver o circo pegar fogo.



Tendo lido, Lui aguardou os comentários.

Por curtos eternos minutos, o grupo ficou em silêncio, até que a estridência que o silêncio continha se manifestou na voz de Elle:

— Não gostei! E não concordo! Acho muito agressivo! E também ressentido! Na verdade, parece um círculo vicioso, comete o que pretende criticar justo ao criticar o que comete, e gira assim. Ou seja, faz a mesma coisa que delata. Acho que se trata da mesma reclamação machista, chauvinista, repressiva, que pretende defender. Não me engana…

O grupo se reunia semanalmente há alguns anos. Eram oito: quatro homens e quatro mulheres. Eu havia planejado dessa forma de propósito, buscando uma amostragem razoável do ambiente social adulto, de uma classe econômica de “média” para cima – seja o que for que se entenda por “acima” –, com o intuito sob o título, a essa altura indefinível, de “psicoterapia” – seja o que for que se entenda com a palavra.

Sempre com homens e mulheres em igual número, os participantes variaram com os anos. Eu procurava abranger um mínimo de duas gerações, por vezes três, tendo portanto clientes desde os vinte até os sessenta anos. Ou seja, gerações analógicas, e ao menos uma geração nascida digital, habitavam o círculo. Tãf foi direto:

— Você escreveu porque se sente assim tão mal? Você de fato acha, como diz, que muitos homens sentem assim?

— Acho, sem dúvida! Vejo e ouço… Antes, era por toda parte… Agora, que ficou politicamente proibido ser um homem homem, como foi um dia, ouço menos… Gente como eu está se retraindo… “Homem homem”, sei que essa expressão já traz, em si, os problemas que gera, desde a provocação, até a reação …

Elle, como sempre, foi enfática:

— É, sim! Uma provocação. Esses tais “homens homens”, me desculpe se você se diz um deles, se sentem mal apenas porque não querem admitir as barbaridades que pensaram, que disseram, que escreveram, que fizeram, e ainda fazem… E agora ficam como bebezinhos assustados, por ter chegado a hora, já tardia, de perder os privilégios, de pagar o que devem… Devem, sim! E vão pagar! Pouco adianta essa conversa de virtudes silenciosas… É sempre a mesma enganação…

Lei interviu:

— Eu não vejo como Elle. Ainda que eu pertença a uma geração mais velha, e tenha sido criada naqueles valores, eu não vivi revoltada, nem me sentindo oprimida por ser uma mulher de família estável, com um marido mais ou menos parecido com esse homem que Lui descreve no seu texto. Eu criei meus filhos, formei-os, cresceram, casaram, trabalhei parte do tempo. Vocês sabem que eu perdi meu marido há alguns anos, tenho meus netos. Por mais que Elle se oponha, eu sou a favor dos “homens homens”… Um deles me fez muito feliz… Dentro do que é possível ser feliz…

Guei a interrompeu:

— Você está dizendo que só um homem como esse do texto pode fazer uma mulher feliz? Ou fazer outro homem feliz? Como no meu caso… O mundo só pertence, ou deve pertencer, a gente que se diz “normal”? E com isso pretende definir esse “normal”? E quem não for assim não cabe?

Notei que Elle já se preparava para aderir a Guei, argumentando com seu estilo direto contra Lui e Lei, mas voltei meu olhar para Jeune, tentando encorajá-lo. Ele notou, e se dispôs, me surpreendendo com uma segurança inesperada:

— Vocês sabem que tenho dezenove, que já nasci plugado… Não sei se é por isso, mas eu ouço vocês falarem e penso “por que será que vocês não tratam do que realmente interessa?” O que é que tem a ver, um com o outro, ou com o mundo, a liberdade de cada um, se a intenção não for controlar os outros, para que sejam como vocês querem que eles sejam? Falemos de trabalho, viagens, grana, autonomia, significado, preservação… E a liberdade de cada um é com cada um… Isso não deveria ser assunto… Se é assunto, e se não sai de cena, podem ter certeza que é desejo de controle… Essa é a desconfiança, e cabe…

Tãf interviu:

— Você ainda é garoto demais para entender que esses assuntos influem muito, e mesmo determinam, um mundo comum, um contrato para o ambiente no qual quero viver, ou cada um quer viver… E, portanto, uma mínima estabilidade para esses combinados…

— Mas que então caibam muitos combinados, que existam os ambientes onde cada um pode viver como quiser – retrucou Jeune. Por que o mundo tem que ser um só? Do jeito que uns poucos querem? Então, que existam mundos para todo mundo…

O grupo riu com simpatia da autenticidade com que Jeune se expressou. Tãf insistiu:

— Porque um atrapalha o outro, torna o mundo do outro insuportável para ele mesmo…

Fema entrou nas falas:

— Ahhh, filhinho, esse insuportável é sempre dos dois lados. Para mim também é insuportável que o mundo não admita que eu existo, que me vejam como um mal, como um estorvo que atrapalha os bonitinhos, como esse macho do texto… Ele deve ser gostoso… Eu também queria um desses para me sustentar e me fazer feliz… Em “todos” os aspectos… — sorriu Fema, e o grupo junto, com a insinuação dirigida a Lei e seu marido.

Nesse instante, eu coloquei toda a minha atenção na reação de Lei, avaliando o efeito de uma brincadeira que poderia invadi-la, ou ofendê-la. Mas não! Lei também sorriu com a provocação de Fema e, com sua típica elegância, até aderiu:

— Meu marido era gostoso, sim! Mas acho que só gostava de mulheres… Bem — sorriu de novo —, assim eu supus a vida toda…

— Mas eu sou uma mulher!  — retrucou Fema, avançando um tanto mais.

O grupo se entreolhou; eu sempre atento, no meu dever de criar e manter o melhor espaço evolutivo – ou até mesmo “terapêutico” – conforme emergiam, pelas falas, as energias emocionais, em entendimento ou fricção. Tãf seguiu:

— Pessoal, com todo o respeito pelo, ou… pela… Fema… e também pela, ou pelo, Maf, até agora em silêncio… mas não acho que seja possível considerar esses fatos como “normais”, ou pelo menos “comuns”… Até mesmo por sua raridade…

Maf, citado por ele, interpelou Tãf, e seguiu-se este diálogo:

— A minha existência te incomoda? Eu torno o teu mundo pior?

— Você quer que eu seja realista? Ou politicamente correto?

— Realista! Direto, reto! Quanto ao correto, verei eu…

— Sim! Incomoda. Não propriamente a sua existência. Por mais que me critiquem hoje como inflexível, antiquado, preconceituoso, claro que eu acho que todo existente tem o direito de existir. O que principalmente me incomoda é se você agride o ambiente social e moral com o que eu considero excesso de exibicionismo, ou pretenda forçar o seu espaço.

— Mas, se eu não forçar o meu espaço, gente como você não me deixa existir.

— Não é verdade! É claro que eu nada tenho a ver com o fato de você existir da maneira que você nasceu, e é…

— …Não! Esse é o seu engano! Eu nasci de uma maneira que não sou. Eu precisei cortar uma parte do meu corpo para ser, e parecer, como quem de fato eu sou. Você não teve esse problema. Sorte sua! Azar o meu… Mas eu me resolvi, e me assumi, e aqui estou como nasci por dentro, e não por fora…

Elle interferiu, dessa vez mais ponderada:

— Se nós ouvíssemos o único aqui dentro que me parece justo e atualizado… Jeune é o mais jovem de nós todos, e está certo quando diz que esses assuntos não deveriam interessar a ponto de nos perdermos dentro deles… Talvez nos muitos mundos que poderiam ser criados todo mundo caberia… e não haveria tanta encrenca e sofrimento…

Tãf interviu:

— Pessoal, não sei se eu posso colocar de forma mais profunda a minha visão, preciso tempo, mas o assunto não é tão simples porque não há tanto espaço, tantos mundos, e o espaço no mundo que gente como eu construiu por muitos séculos, eu e os muitos “homens homens” que o Lui traz… me desculpem, esse espaço está invadido…

— E o nosso? Que sequer chegou a existir? Porque gente como você, e como os tais “homens homens” nunca deixaram existir, oprimindo, reprimindo e se apropriando, por milênios, de todos os espaços disponíveis. Espaços naturais, e espaços culturais.  — Elle foi enfática.

— Mas há uma biologia!  — disse Tãf — Há uma realidade natural na base da realidade moral e cultural! Ninguém dita os valores da cultura somente baseado em palavras e contratos. Há uma base sociobiológica sobre a qual a cultura é construída, e ela deve ser respeitada pelos valores morais que constroem e dão estabilidade ao contrato social.

— Então eu não sou “natural”?  — disse Fema, e Maf a acompanhou. — Se eu não sou “natural”, entre essas aspas absurdas, eu sou o quê? Uma espécie de monstro artificial? Vindo de onde?

Tãf insistiu:

— Me desculpe a franqueza, mas você a pede, e eu não quero ofendê-lo, ou ofendê-la, nem a ninguém. Você é uma exceção do natural, portanto também é natural… Mas exceção…

— E no seu “cultural” não cabem as exceções? Exceções, por exemplo, naturais? – ironizou Fema, e Maf riu de forma debochada.

Jeune interviu:

— Eu agradeço a Elle o elogio, e insisto: “o que é que vocês estão fazendo com a vida de nós todos? É incompreensível para mim, e para todos os meus amigos e amigas, e amigas e amigos, com menos de vinte anos, que vocês insistam em discutir o que menos interessa, senão para exercer a absurda prepotência de controlar todas as vidas, para explorar e tirar proveito próprio. Depois, vocês dizem que “não prestamos atenção” e que “perdemos o respeito e o interesse”. Mas como pode alguém desperdiçar sua atenção, e focar seu interesse, em assuntos tão banais que deveriam ser um “não assunto”? É evidente que tudo é natural, regras e exceções, e que a cultura deve preservar o natural, e fazê-lo caber de qualquer forma. No limite, se o choque for extremo, escolheremos. Mas para esses assuntos?! Para esses temas da intimidade individual?! O que é que cada um de nós tem a ver com isso, no outro? Por que tanta energia dirigida ao sexo, se no final das contas é apenas mais uma forma de vivência, de experiência, e até mesmo de consumo?

Tãf se adiantou:

— Tem muito a ver, meu bom garoto! Por exemplo, como diz o Lui, e eu concordo, não se pode mais abrir a boca sem sofrer algum massacre. E o sexo é o tabu por excelência, e a forma mais antiga, e mais primária, de controle. Os humanos descobriram muito cedo que aqueles que controlassem o acesso ao sexo controlariam o mundo. É um desejo por si mesmo, aparece na consciência com sua própria lógica, e se impõe às regras e à razão. O desejo convence a razão, e a submete, você ainda não viveu o suficiente para saber o efeito disso.

Elle entrou:

— Eu concordo! Mas isso vale para todos! Não deve ser um privilégio do “homem homem”, que aliás já teve, e tem, seus privilégios, inclusive o machismo do controle desse tal “acesso”, eu poderia dizer autorização… assim como o desejo. O corpo é meu! É seu! É de quem for… Vejam bem, antes das mudanças de mentalidade que o século XX conseguiu, ninguém podia ser dono do seu próprio corpo. O corpo das crianças pertencia às mães, das adolescentes pertencia ao pai e à moralidade social, para logo depois pertencer aos maridos. O corpo dos jovens pertencia ao Estado, que os convocava para a guerra. O século nos deu um corpo, e com ele podemos atender nossos desejos.

Lui e Lei estavam quietos, Guei também. Contive, com o olhar, a tendência de Tãf seguir com a discussão. Olhei o relógio; a sessão terminaria em dez minutos. Depois do exercício analítico, e desestruturante, eu precisaria ao menos de cinco minutos para a síntese final, procurando oferecer a consciência construtiva que as palavras pudessem alcançar. Tãf não atendeu ao meu gesto de parar, e prosseguiu:

— Vocês podem pensar o que quiserem. Espero que não me tomem pelo porco chauvinista que não sou. Os três desejos fundamentais de uma mulher mulher, que não seja uma exceção, podem ser descritos como: um, encontrar e atrair um parceiro que a deseje e ame a ponto de propor a ela vida juntos; dois, ela ter filhos com ele; três, ela colocá-lo a serviço dela e das crianças, e ele aceitar essa responsabilidade de bom grado. O mesmo, em espelho, vale para os homens homens. A evolução assim selecionou, e é por isso que cabe às mulheres melhorar a espécie com as escolhas, e cabe aos homens aceitar a escolha delas, mesmo sofrendo muito com as rejeições e as preferências. Todos já viveram, ou infelizmente viverão, a dor de amar sem ser amado, desejar sem ser desejado, precisar e não ganhar… A vida tem sua própria lógica… E a razão não a controla.

Elle realmente se irritou:

— Eu considero essa sua pseudoteoria uma ofensa à dignidade das mulheres. Que absurdo! Então a vida, e a felicidade, de uma mulher dependem exclusivamente de achar seu homem homem, ter filhos, e colocá-lo a seu serviço. O que é isso? Então uma mulher não pode optar por não ter filhos, ser autônoma, trabalhar, criar, contribuir? Não querer esse tal “homem homem”, ao redor do qual, segundo essa sua barbaridade, tudo gira? Eu, se fosse você, jamais repetiria isso…

Tãf entrou:

— Elle, me desculpe, e vocês todos. O dia que as mulheres enxergarem o prejuízo que o feminismo já gerou para as mulheres e homens em geral, elas irão se assustar, e espero que muitas mudem de opinião. Eu digo com todas as letras que o feminismo é contra o feminino e, entre outras desgraças, está destruindo o masculino. O efeito será, e acho que já é, mulheres sós, super demandadas por si mesmas, com filhos que se sentem indesejados por estarem abandonados, e as empresas ganhando com as executivas convencidas de heroínas. Vocês não enxergam que isso tudo é um engodo?

Guei, Elle, e Jeune se mobilizaram no desejo de falar, mas fui obrigado a interromper, e quase nem mesmo tive tempo para uma síntese final. O que fiz foi um resumo das diversas posições, com comentários positivos e encorajadores sobre a disposição que demonstraram em abordar temas difíceis, e decidi esperar a sessão seguinte.

Eram os sete:

Lui, um homem homem, tal e qual feito e esperado pelos séculos afora;

Lei, a esposa, a mãe, a professora da maioria de todos nós, inclusive Guei, Fema e Maf;

Elle, a mulher só, de meia-idade, ativista convicta das rupturas de sua época;

Tãf, o estruturado defensor de uma possível base sociobiológica que fornecesse substrato a uma possível teoria cultural, absurdo ou não;

Fema, a mulher que nasceu homem, e mulher tornou-se, realizando a cirurgia que reorientava a natureza;

Maf, o homem que nasceu mulher, ou assim tornou-se, utilizando intimamente os implementos que reorientam a natureza;

Jeune, o jovem jovem, já nascido digital, assistindo aos diálogos-monólogos cujos temas raramente interessavam da maneira, por arcaica, como expostos e abordados.

O oitavo, eu.

Assistindo, como ouvinte, e ponderando, como crítico, com o dever de aprimorar as possibilidades da consciência, via palavra, e buscar integridade, bem-estar e algum avanço, seja isso o que bem for.

Terminou a sessão. Todos se foram. Cinco minutos permitiam um café.

Tocou meu celular. Olhei a tela, era o Tomás:

— Eu estava relendo um artigo que você escreveu, já faz um tempo, naquela nossa edição do “Feminino”… E tive a ideia de fazer uma edição “O Masculino”… Queria te convidar…

— Olá, Tomás! Faz algum tempo… Obrigado pela confiança. Bem, hmm… Quero aceitar… Aceito, sim! Mas você tem ideia do tamanho dessa encrenca!?

— Claro que sim! Se não tivesse, não estaria convidando…

— As pauladas virão de todo lado… E beijinhos quase mesmo de nenhum..

— Mas o couro é grosso o suficiente para saber que “a primeira chuva não molha”.

— Então eu topo! Que venha a chuva… Só acho que não fica na primeira, e portanto vai molhar…

E desligamos…

A chuva, honesta, solidária, corajosa, farta e generosa, germinou no que se segue…

Cultive o chão conosco, evitando ervas daninhas, em especial as que possam nascer da sua própria intimidade. Sejamos construtores de possíveis concordâncias, não apenas promotores da discórdia.

O chão está semeado, o cultivo é com você, colha os frutos que estiverem ao seu alcance.