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Obra de Yasmin Guimarães, artista publicada na edição Amarello Sonho. Foto de Julia Thompson.
#49SonhoArteDesign

Entre afetos e sonhos: entrevista com Fabio de Souza

por Pâmela Carvalho

Quem é Fabio de Souza e o que, como e por que você sonha?

Sou um artista carioca, cenógrafo, diretor de arte stylist e produtor cultural. Sou formado em comunicação social e, durante vinte anos, trabalhei como tour manager de artistas e bandas brasileiras. Quando me mudei pra São Paulo, fui selecionado para entrar na Universidade Antropófaga do Teatro Oficina como ator e cantor, e ali eu reiniciei o contato com a arte. Eu cuidava da arte dos outros, e então passei a me reconectar com a minha própria. Foi nesse momento que despertei para minhas investigações artísticas.

Fafá de Belem por Rafael Catarcione.

A minha questão com o sonho é interessante, porque percebi que eu sonho pouco, fisicamente. Sonho muito mais acordado do que dormindo, e sonhar acordado, pra mim, é como uma investigação das possibilidades de voo. Quando eu estou sendo eu mesmo, quando estou criando narrativas e possibilidades artísticas, estou sonhando. Então eu sonho pra transformar a minha existência em algo iluminado, em uma vida em que me conecto com minhas raízes, com belezas que me façam acreditar em uma vida boa.

Você fez cenografias para artistas como Fafá de Belém, Geraldo Azevedo, Rita Benneditto. Conta um pouco sobre seu processo criativo, sobre criar cenografias e figurinos tão diversos e ao mesmo tempo tão únicos?

O meu processo criativo vem de muita pesquisa e respeito a quem, pra quem ou para o quê estou criando, como uma pesquisa do real propósito. Através da arte, eu busco o encantamento, eu quero dar asas a quem vem ao encontro como um bordado de afetos, um artesanato de encontros. Eu me inspiro na natureza humana, na poesia dos sentidos, em todas as coisas do mundo. Como diz Paulinho da Viola, as coisas estão no mundo, só que eu preciso aprender. Eu busco ver beleza na simplicidade. Em um mundo tão tecnológico, imerso em telas de LED, celulares e máquinas. Quero despertar sinestesias, desejos e o que é onírico em cada pessoa.

Ana Cañas canta Belchior por Iara Marinho.

O sonho, num sentido científico, costuma ser percebido como um processo inconsciente de imaginação. Porém, podemos ter sonhos conscientes também. E podemos, através da arte, propor universos mágicos e de sonhos, como suas cenografias, por exemplo. Qual é o papel do sonho no seu processo de criação?

O papel do sonho no meu processo de criação entra em um lugar de me dar asas pra que eu veja o mundo e as pessoas com os olhos livres, sem julgamento. Tudo é possível no tempo das coisas, no respeito à natureza e nesse lugar de efemeridade da vida.

Então, quando eu estou pensando numa cenografia, quando estou num processo criativo, o sonho vem muito como um aliado. Muitas vezes eu penso que, quando tenho uma caixa cênica, estou vestindo espaços, estou buscando narrativas para novos voos.

Agora pensando nos figurinos: você acha que é possível vestir um sonho? (Porque, quando vejo seu trabalho, sinto que sim)

Quando penso em figurino, eu imagino dar mãos e asas a quem estou criando. Acredito que o figurino tem um poder imenso de consagração a quem estamos vestindo. Então, procuro criar possibilidades para que a pessoa se autocoroe, para que ela se sinta forte, como um escudo. É como a pessoa fechar os olhos e ela se autoencantar. Me interessa que a pessoa se sinta absolutamente à vontade com o que ela está vestindo. Esse é um propósito. Não é o que eu penso como o melhor pra ela, eu quero que ela, nesse lugar de se vestir, se veja em outras possibilidades.

Chico Chico por Michelle Castilho.

Recentemente, você participou de um debate que pensava moda, figurino e cenografia, num caminho entre os resíduos e a criação. Mano Brown diz que “até do lixão nasce flor”. Você acha possível criar essas peças e cenografias a partir de materiais que, num primeiro olhar, poderiam ter sido descartados?

Sim, eu não apenas acho possível criar como acredito que também seja um preceito de divisão pra um mundo em que a gente vê cada vez mais a natureza dando sinais de que a gente precisa ter essa consciência na escolha. Amplificar visões de novas possibilidades de materiais e resíduos visando a sustentabilidade é de extrema importância. E ver beleza no que é visto como lixo, dar novos significados, dar importância a materiais não vistos como belos e possíveis muito me interessa. Há alguns anos, eu utilizo materiais que vão pro lixo e os transformo em arte, caixas de papelão, jornal, plástico, são matérias-primas muito interessantes. Já criei alguns cenários que foram muito especiais nesse sentido. Uma vez, no lançamento de um disco do cantor Chico Chico, me veio a ideia de criar um baobá de cinco metros de altura, todo feito de caixas de papelão. Pensando na trajetória dele, pensando na Cássia Eller e pensando nessa árvore frondosa da arte. E foi muito interessante, ficou muito bonito, aquela árvore toda feita de folhas, caixas de papelão transformadas em folhas de uma árvore frondosa. Outro cenário, que eu criei em 2023 pro cantor Geraldo Azevedo, era um arraial, me veio à cabeça uma obra do Matisse que se chama A dança, que são cinco pessoas dançando em roda. Como era um arraial, e eu fiquei pensando numa ciranda, me vieram vários artistas à cabeça. Eu transformei caixas de papelão e jornal em cinco pessoas de mais ou menos dois metros, que ficavam em cima do Geraldo e da banda, com o mesmo bailado da obra do Matisse, e essas pessoas vestidas com roupas juninas. E isso me despertou um lugar de muita consciência pelos materiais que eu estava usando, dando novas possibilidades a eles. A natureza agradece. E eu me lembro muito de um desfile, Do luxo ao lixo, do Joãosinho Trinta [oficialmente Ratos e Urubus, larguem a minha fantasia]. O carnaval é uma fonte grande de pesquisa pra mim, nele a gente vê o encantamento que se dá através de muitos materiais que são descartáveis também.

Fabio de Souza por Ana Alexadrino.
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