No Nordeste brasileiro, sozinha, dirigindo seu carro, Rose Klabin fotografou enormes construções inacabadas e os impactos ambientais e sócio-culturais do crescimento desenfreado, desordenado e irregular que vivemos nos últimos anos. Sua pesquisa sempre envolveu grandes centros, sejam industriais ou urbanos. 

O resultado deste projeto se traduz em imagens e paisagens quase cenográficas, que remetem a um filme de ficção científica que deu errado. Para colocá-las num gênero ainda mais atual, fazem referência direta a algumas obras literárias de cli-fi (climate-fiction).  

Há mais em sua pesquisa em termos de pesquisa arquitetônica – certa fascinação pela questão da grandiosidade acompanhada pelo anonimato típico de construções industriais. Espaços não espaços, espaços construídos para não serem usados.

Todas essas imagens apresentam um tempo indefinido. Algumas dessas imagens levam em si a documentação de obras e construções que pareciam ter sido abandonadas antes de serem postas em uso.

Em outras ocasiões, apresenta imagens de fábricas e processos industriais que carregam em si a mesmíssima solidão, o vazio e o estranhamento provocados nela quando olhava para esses cantos “parados”. Essencialmente, existe uma fascinante – e ao mesmo tempo angustiante – assimetria, uma arritmia, naquela realidade, onde o rico passado cultural nordestino é tomado pela ferocidade de um “novo” descontrolado e sem direção.