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Unité d’Habitation, de Le Corbusier. Foto de Rik Moran.
ArquiteturaDesign

Brutalismo: a arquitetura para além do filme

por Revista Amarello

Um dos principais estilos arquitetônicos do século XX, os projetos em concreto bruto carregam peso histórico, político e ideológico. 

O filme O Brutalista, lançado no ano passado e presente em toda a temporada de premiações — culminando no segundo Oscar de melhor ator para Adrien Brody —, reacendeu o interesse sobre esse que é um dos conceitos mais instigantes da arquitetura contemporânea. Dirigido por Brady Corbet, o longa não apenas usa o brutalismo como pano de fundo, mas o transforma em uma metáfora visual e narrativa para os conflitos dos personagens. A rigidez e a solidez do concreto ecoam as tensões humanas e sociais que atravessam a história. A abordagem, tão clássica na arquitetura, parece ainda carregar consigo um peso histórico, político e ideológico que a torna um dos estilos mais marcantes do século XX. 

O Brutalista, filme de Brady Corbet, rendeu a Adrien Brody o Oscar de melhor ator.

Mas o que, afinal, define esse movimento e por que ele continua a despertar sentimentos tão ambíguos?

O brutalismo é um estilo arquitetônico que se destaca pelo uso expressivo do concreto bruto, exposto e sem acabamentos, permitindo que suas texturas e marcas de fábrica fiquem visíveis. Outra característica basilar é o trabalho em prol da funcionalidade: no brutalismo, a forma segue a função, tornando a estrutura uma expressão direta de seu propósito. A chamada “honestidade” material também é fator essencial, pois é o que dispensa revestimentos e valoriza a estética crua dos materiais, o que resulta na estética tão específica que marca o estilo. E, claro, não tem como falarmos de brutalismo sem falarmos de monumentalidade: esses edifícios são imponentes, com formas geométricas marcantes que transmitem solidez e presença.

O termo em si vem do francês béton brut, que significa “concreto bruto”, e foi popularizado pelo arquiteto suíço-francês Le Corbusier. Seu projeto Unité d’Habitation, construído em Marselha entre 1947 e 1952,  foi um dos primeiros a usar concreto aparente de maneira expressiva. A construção influenciou o movimento e serviu como modelo para projetos habitacionais modernos ao redor do mundo, com sua estrutura funcionalista e sua ideia de “cidade vertical”, onde moradia, comércio e espaços de lazer coexistem em um único bloco. Embora Le Corbusier não tenha criado o nome, foi sua utilização do concreto bruto que inspirou os também urbanistas Alison e Peter Smithson a cunharem o termo nos anos 1950. 

Unité d’Habitation, projetado por Le Corbusier. Foto de Gili Merin para Arch Daily.

O brutalismo, portanto, emergiu no pós-guerra como solução para a reconstrução em larga escala. Em um mundo devastado, a arquitetura precisava ser funcional, durável e acessível. O concreto bruto, resistente e de baixo custo, tornou-se um símbolo dessa nova era. Mais do que uma escolha estética, suas formas maciças e despojadas eram uma declaração de intenções: criar espaços democráticos e eficientes para um novo tempo. Escolas, bibliotecas e edifícios públicos foram erguidos sob esse conceito — eram a materialização, em um material que reverberava perseverança, da esperança de um recomeço.

Ao rejeitar os excessos ornamentais e o formalismo do passado, o brutalismo apostava na funcionalidade e na verdade dos materiais. No Brasil, ele se manifestou nas obras de Oscar Niemeyer, como a Catedral de Brasília, e de Paulo Mendes da Rocha, como o museu MuBE em São Paulo. Coincidência ou não, ambos são vencedores do Prêmio Pritzker, considerada a honra maior da arquitetura. Nessas e em outras construções, o brutalismo se funde com a identidade urbana e cultural das cidades.

Catedral de Brasília, projetada por Oscar Niemeyer.

Porém, como muitas correntes artísticas, o brutalismo foi mal interpretado. O que para alguns era uma expressão de força e honestidade estrutural, para outros se tornou um símbolo de opressão e impessoalidade. Durante as décadas de 1960 a 1980, o estilo foi associado à desumanização e ao fracasso urbano. O concreto desgastado, a escala monumental e os espaços considerados frios e inóspitos afastaram muitas pessoas do conceito.

MuBE, projetado por Paulo Mendes da Rocha.

Nos últimos anos, no entanto, houve uma revalorização significativa. O que em determinado momento parecia decadente agora é visto sob uma nova luz. O interesse contemporâneo pelo brutalismo está, sobretudo, na maneira como ele reflete questões sociais e urbanísticas. Arquitetos e estudiosos passaram a reinterpretá-lo, explorando suas potencialidades para uma nova geração que busca autenticidade e sustentação na arquitetura.

A popularidade do brutalismo ganhou novo fôlego também com o cinema e a cultura digital. O longa O Brutalista é um exemplo dessa tendência, assim como a presença de edifícios brutalistas presentes em posts de redes sociais e exposições ao redor do mundo. Assim como nas suas origens, o brutalismo ressurge num mundo digital já devastado que muitas vezes rejeita o físico, como uma reflexão sobre resiliência, permanência e a força de materiais que desafiam a efemeridade dos tempos modernos.

Embora carregue um peso histórico, o brutalismo não pertence ao passado. Seu uso de materiais duráveis e sua abordagem funcionalista ganham relevância na medida em que, cada vez mais, se exige soluções sustentáveis para a vida urbana. A cultura e a sociedade seguem em transformação, mas sempre haverá espaço para questionamento e para uma arquitetura que dialogue com a condição humana. 

Em meio à incerteza — política, econômica e sociocultural — e a desafios cada vez mais urgentes, é essencial que certos monumentos finquem seus pés. E não no passado, mas na sempre relevante esperança de que os humanos encontrem solidez no presente.

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