Medo bom ou medo ruim? De maneira geral, associamos coisas ruins à palavra medo: medo de assalto, medo da morte, medo de não conseguir pagar as contas no final do mês, medo de não ser aceito pelos outros. Entretanto o medo também tem seu lado positivo: é um instinto de fundamental importância para a sobrevivência do homem já que é um sinal de alerta, de que ele possa estar correndo perigo e de que precisa reavaliar sua situação e a maneira de estar no mundo.
Na época das cavernas, os homens que não tinham medo de um perigo real, morriam. Este sentimento era uma medida que auxiliava o homem a avaliar quando era o momento de lutar ou de fugir para sobreviver.
Contudo, o medo pode fugir do controle e chegar até a atrapalhar a sobrevivência do homem, como é o caso das pessoas que sofrem de um transtorno de ansiedade antecipatório chamado agorafobia (Do grego Ágora = onde a assembleia do povo se reunia + Phobos = medo) que, grosseiramente, pode ser resumida como “o medo de sentir medo”.
Este transtorno de ansiedade é considerado antecipatório pois a pessoa está sempre imaginando e evitando situações e lugares, nos quais fantasia que teria dificuldade de obter ajuda caso não se sentisse bem (trânsito, barcos, festas, ajuntamento de pessoas) e antecipando a sensação de ansiedade e medo de ter medo. Em consequência disso, é comum que pessoas com o diagnóstico de agorafobia se isolem socialmente ou frequentem apenas poucos lugares públicos, onde se sintam bem e/ou seguros.
Tanto os agorafóbicos quanto as pessoas com fobia social tendem a se isolar socialmente, mas apresentam este comportamento por motivos diferentes. Enquanto os primeiros evitam lugares públicos com medo de não se sentirem bem e de não obterem socorro a tempo, as pessoas com fobia social evitam locais públicos ou multidões pois receiam que todos fiquem o observando, ou de ser o centro das atenções.
A depender do grau, a agorafobia pode comprometer a vida da pessoa a ponto dela mal conseguir ir trabalhar ou sair de casa. Na maioria das vezes, este transtorno está associado à Síndrome do Pânico. Um terço das pessoas com transtorno do pânico tornam-se agorafóbicas e passam a evitar lugares nos quais poderia sofrer um novo ataque de pânico (entre os sintomas do ataque inicial do pânico estão: falta de ar, taquicardia, sudorese, formigamentos, dor no peito, pernas bambas, tremores, vertigens, náuseas e etc).
Muitas das pessoas que apresentam esses sintomas sentem-se envergonhadas, pouco incentivadas ou até mesmo não sabem como pedir ajuda, com a esperança dos sintomas magicamente desaparecerem. Na verdade, a real tendência é de que os sintomas se agravem com o passar do tempo. As pessoas com esses sintomas devem procurar um psicólogo ou um psiquiatra para auxiliá-los com o diagnóstico através da psicoterapia, para controlar este medo exacerbado e melhorarem sua qualidade de vida.
Patricia Lomonaco é psicóloga corporal junguiana.