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#18RomanceCulturaLiteratura

Beijo por beijo

por Vanessa Agricola

Era domingo, eu tinha tomado um pé na bunda, talvez eu fosse a pessoa mais triste do planeta naquela hora. Tentei ver uma série americana, não consegui, achei um cigarro no meio dos cardápios delivery. Ia pedir uma pizza. Melhor voltar a fumar.

É uma dor que nada adianta. Nada faz você achar que o mundo é menos que um cocô de pomba que caiu na sua cabeça. Lembrei do dia que ele chegou de madrugada, tive certeza que estava com outra. Estou cansado, ele disse.

Eu também estava. É exaustivo amar uma pessoa que não ama você de volta. E você fica tentando dar um jeito daquilo funcionar, mas não tem jeito. E não é culpa da pessoa. Ela não é a malvada e você a boazinha. Não era pra ser!, não é isso que diz o clichê?

Mas naquele domingo nada disso me ocorria. Nenhum amor meu vai dar certo. Nunca. Antes desse teve aquele outro, e aquele outro, estou fadada ao fracasso! Vou envelhecer sozinha, fumando, eu comigo aqui trancada nesse apartamento, igual uma música do Leandro e Leonardo.

Passei o resto desse ano odiando os homens. Em janeiro, conheci um coitado num bar do Itaim, ele me disse eu te amo em duas semanas, quase vomitei. Mas deixei rolar. Gostei tanto de ter de volta uma companhia pro cinema… o ser humano é egoísta. Deixei o coitado ter esperanças, fui dando corda, deixei o coitado me escrever coisas. Só parei o dia que ele escreveu um negócio muito triste, que eu estava distante, que eu não liguei da praia, que se ele tinha me feito alguma coisa, qualquer coisa… O que é que eu ia falar? Não é você, sou eu. Me perdoa.

Outro clichê da vida é o aqui se faz, aqui se paga. Um pouco depois do coitado, eu me apaixonei por um cara, ele era casado com uma chinesa. Estava numa pista de dança, me achando, quando esse sujeito me apareceu vestido de preto. Claro que ele não se apresentou dizendo, oi tudo bem, eu sou casado, mas quando eu já achava que ele era o amor da minha vida, em duas semanas, ele contou que tinha uma pessoa. Ela estava na China, ia chegar na sexta, ela morava com ele ainda e eles eram casados. Como é? Não, calma, deixa eu explicar. Ela não tem onde morar, eu não tenho como mandar ela embora, ela não tem grana, a gente nem se fala, porra!

Você acredita que eu comprei essa história? Passei quase um ano almoçando e jantando em restaurante de quinta, dormindo em motel. Quase um ano, até dar de cara com os dois numa festa, beijando na boca de língua…

Tem um filme brasileiro que eu adoro, chama Pequeno “Dicionário Amoroso”. Andrea Beltrão e Daniel Dantas são casados, daí eles se separam, o filme é sobre isso. Perder, recomeçar. Em uma cena, a personagem da Andrea Beltrão descreve o que está sentindo. “Parece que me arrancaram um braço”. É uma dor que nunca me esqueço.

Beijo por beijo, sonho por sonho, amores vão mas a verdade é que os braços voltam. Dali a pouco, atento aos seus próprios afazeres, sentado do outro lado da mesa, um outro amor nos fará companhia.

E ele não dá a mínima se estou aqui há horas sem lhe dirigir a palavra. Com fones de ouvido, cantarolando minha música sertaneja. Ele é o meu amor em paz. Meu amor que não me cobra. Não acabou ainda? Não vai jantar? É o meu amor que não faz meu coração saltar pra fora. Não liga se eu não atender o celular. Não me prega bronquinhas porque eu sou avoada. Não li a mensagem de texto, não sei se hoje é sábado ou domingo. É o meu amor que não acha que eu tenho que consertar os meus defeitos, não me pede pra eu ser diferente… É o meu amor de verdade.

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