Durante uma residência artística em Altos de Chavón, uma escola de artes localizada em um falso vilarejo mediterrâneo na República Dominicana, conduzimos um experimento de visão remota, ou seja, de telepatia.
A visão remota é o processo de ver ou sentir uma localização distante com a mente. O termo foi criado nos anos setenta por pesquisadores no Stanford Research Institute, que conduziram muitos experimentos supostamente bem-sucedidos. Embora alegações de visões telepáticas bem-sucedidas possam ser traçadas aos tempos antigos, os estudos científicos acerca do assunto só começaram a existir em séculos mais recentes. Durante a Guerra Fria, diversas universidades, governos e corporações competiam para avançar na pesquisa e encontrar alternativas para os métodos de espionagem tradicional. Um dos muitos projetos apoiados por corporações e pelo governo foi o Projeto Stargate, do Pentágono americano, que refinou e aplicou durante vinte anos as técnicas de visão remota desenvolvidas em Stanford.
Céticos afirmam que muitos dos experimentos são falhos, ou que os resultados são estatisticamente insignificantes. Como a ideia de visão remota contradiz os modelos científicos correntes e se mostra difícil de quantificar, eles acreditam que tal pesquisa não passa de perda de tempo e dinheiro.
Nós mantivemos vinte sessões de visão remota (uma das sessões teve de ser descartada por conta de um erro de cronometragem). Cada sessão durou cinco minutos. Um de nós (o farol) estava em uma localização tentando “enviar” mentalmente sugestões visuais para a outra pessoa (o espectador), que estava fora do seu campo de visão, em um quarto pré-selecionado. O farol era o único que sabia da localização exata e, para fins de verificação, tirou uma foto dela enquanto o espectador tentava visualizar e reproduzir alguma impressão relevante no papel. A gente se revezou no papel de farol e espectador (sempre no mesmo quarto pré-selecionado), e o círculo com a flecha indica o local, a linha de visão do farol e a direção em que a foto foi tirada.