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#33InfânciaArteMúsica

Conversa Polivox: Juliana Perdigão

Fotos de Ana Rovati

Poesia é canção?

Nem sempre, mas, ao ler um poema, desconfie: pode ser que seja uma canção.

O que pode fazer de um poema uma canção?

Um compositor (risos). Algo que busquei neste trabalho foi que os poemas soassem como canção e não como poemas musicados. Para isso, estabeleci alguns critérios na procura dos poemas – que o poema não fosse muito longo, que eu pudesse trabalhar com repetição, estrofe, refrão. Outra coisa que procurei evitar foram palavras muito complicadas, que não se encontram usualmente em canções. Acho que as únicas um pouco menos corriqueiras presentes no disco são “vicissitudes” (do poemas “Música de manivela”, do Oswald) e “Ígnea” (do poema “Coleção de esquecimentos”, do Arnaldo Antunes, que, como canção, foi batizado de “Torresmo”). Acho que, nesses dois exemplos, as palavras não soam estranhas nas canções. No caso de “Música de manivela”, encontrei uma solução de brincar com o som de “esses” de vicissitudes (um jeito meio Itamar [Assumpção] de cantar com a boca fechada), e rolou legal. Em “Carne ígnea” e “Torresmo” tive o cuidado de pronunciar bem a palavra ao gravar, e passou. Acho que, principalmente, o assunto, a sensação, o ambiente que o poema traz e evoca influencia também o meu desejo de transformá-lo em canção

São Paulo é massa?

Massa demais. Gosto dessa cidade pra valer. Gosto porque tem gente de tudo quanto é lugar; sempre vou a lugares que nunca fui antes, conheço pessoas que nunca vi na vida. Andar pelo centro me liga, me deixa viva, e me assusta às vezes, mas no geral é uma cidade que, se você quiser, sempre vai ter coisa para ver, para fazer. Belo Horizonte é minha cidade. Lá, é um pouco o contrário para mim. A cidade é menor, conheço tudo, é tudo muito familiar. Amo meus amigos de longa data de lá, são como irmãos, me conhecem profundamente. Essa sensação de familiaridade é boa, mas também me deixa mais acomodada. Sinto que São Paulo é uma cidade que me instiga mais a produzir. Aqui, naturalmente, tem mais demanda de trabalho, e as relações são muito pautadas pelo que você faz. Em geral, as pessoas se encontram porque estão trabalhando juntas. Em BH, pelo menos para mim, é o café com bolo na casa da avó do amigo – muita intimidade, menos produtividade.

Como está sendo a recepção do público ao “Folhuda”? O que você tem conseguido fazer para mostrá-lo às pessoas?

Aquela coisa underground de sempre. Na plateia, poucos e bons, amigos, artistas, colegas que admiro e alguns que chegam não sei como. Sinto que, para quem chega, bate. Gostaria que chegasse a mais pessoas, mas não tenho talento nem paciência para esse jogo. Estou com 40 anos e, hoje, acho que conseguir fazer (e viver de) arte nesse Brazyl já é um baita privilégio. Vou seguir fazendo até quando der. E está de bom tamanho.

Quando te liguei hoje, você estava lendo. O que é que você estava lendo e o que é que você gosta de ler?

Na hora que você ligou, era Motus Perpetuo, da Dina Moscovici, mas logo antes tinha lido o prefácio da edição revista e ampliada de A elite do atraso, de Jessé Souza. E antes, ainda, era Elena Ferrante, A Amiga Genial. Gosto de ler, mas sou caótica. Vários ao mesmo tempo. Raro acabar um antes de começar outro. Uma zona.

o ambiente que o poema traz e evoca influencia também o meu desejo de transformá-lo em canção.

Esses livros que você lê entram nas suas canções? Ou nos shows? Como?

A curadoria dos poemas que viraram canções em “Folhuda” foi feita pela minha estante. Então, sim, foram livros que li, que estavam à mão.

Qual artista da canção contemporânea você entrevistaria para a próxima edição da Amarello, caso tivesse espaço?

Adoraria entrevistar a Ana Frango Elétrico.

Artista tem gênero?

Sim, porque é pessoa – a não ser que seja não-binárie ou se identifique como pertencente a outro reino, mineral, declare ser pedra, sei lá.

O que é a autoria feminina?

É quando alguém é mulher e cria alguma coisa. Se não for isso, acho que não existe ou eu não entendo.

Por que o nome do disco “Folhuda”? Para min, vem à cabeça uma coisa gostosa de comer.

É uma brincadeira com a folha, a página de livro. Esse disco foi todo feito a partir de poemas – entre eles, “Anhangabaú”, de Oswald de Andrade, que descreve uma cena no centro de São Paulo:

“Sentados num banco da América folhuda o cowboy e a menina
mas um sujeito de meias brancas
passa depressa
no viaduto de ferro”

E eu gosto do som da palavra. Esse sufixo -uda tem um quê de pecado, uma coisa gostosa de comer.

Você compõe mais em “Folhuda”. Por quê?

Entrei nessa pira de musicar poemas. Começou como um exercício, com os livros da estante de casa. À medida que as canções foram ficando prontas, senti que já tinha um corpo, que podia vir a ser um disco.

Fala sobre seus parceiros no disco.

O Murilo Mendes era meu tio avô. Queria ter conhecido ele. O Arnaldo Antunes, aquele cara do Chacrinha de quando eu tinha 7 anos, ainda me assusto (e me encanto) quando ouço a voz dele no disco. Casei com a Angélica [Freitas], e acho ela muito maravilhosa. Bruna Beber e Fabrício Corsaletti, poetas que admiro e vieram para mim através de Angélica, hoje são amigos queridos. [Paulo] Leminski foi o primeiro desses que li, ainda adolescente – “Distraídos Venceremos”, chapei muito. Lucas Santtana, parça, transudo, cena indie de raiz, sou fã faz tempo. Renato Negrão, meu amigo há mais de vinte anos, sempre me aplicou de um tudo. [Allen] Ginsberg, Sérgio Sampaio, Alzira e [Jorge] Mautner, Chacal, veio tudo com ele. Oswald de Andrade, meu herói.

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