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Desenolvimento Marginal “Adaptações
Foto: Xadalu Tupã Jekupé

Insurreição perante a aniquilação: fagulhas de um novo tempo

Nos últimos anos, Xadalu Tupã Jekupé tem se destacado com uma das mais potentes vozes da arte contemporânea no Brasil, pois vem desenvolvendo uma trajetória que evidencia seu compromisso com a descoberta de si em consonância com a vocalização de temas tão caros à nossa atualidade, como o enfrentamento da obliteração sistemática das culturas e das genealogias guaranis, tocando as disputas territoriais e as políticas de morte direcionadas contra os povos indígenas.

Invasão Colonial meu corpo nosso território, 2019, fotografia e impressão digital, dimensões variáveis.

Sua relação com as ruas se dá a partir da coleta de materiais recicláveis para sustento familiar, seguida pelo primeiro emprego como gari na Prefeitura de Porto Alegre, onde a periferia e o ambiente urbano despertaram sua atenção para as dinâmicas sociais que instauram-se nas grandes capitais. Isso o levou a uma pesquisa sobre os apagamentos e distanciamentos genealógicos, a uma odisseia em busca de autocompreensão, o que seria impossível sem a análise da história do Brasil e das políticas de mestiçagem. Em suma, ele recuperou sua identidade guarani-mbyá, que havia sido sobrepujada pelos processos coloniais ainda presentes hoje.

Entre seus projetos recentes, podemos destacar a residência realizada no Instituto Inclusartiz (Rio de Janeiro), que resultou em Tekoa Xy ‘A terra de Tupã’, exposição de inauguração do Centro Cultural do Instituto, seguida de intensa agenda de exposições, como a individual na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre), Antes que se apague: territórios flutuantes, título homônimo de seu vídeo desenvolvido nessa mesma residência em 2021, onde retorna à beira do Rio Ibirapuitã evocando narrativas e imagens de sua genealogia matrilinear, entrecruzando três gerações na reconstituição de episódios da década de 1940. Este ano, ele também inaugura duas individuais em São Paulo; a primeira, integrando a programação de inauguração do Museu das Culturas Indígenas, seguida por uma individual no Centro Cultural São Paulo, ambas concomitantes à sua participação em coletivas como Histórias brasileiras no MASP e o 37º Panorama da Arte Brasileira no Museu de Arte Moderna. Atualmente, ele trabalha em outra individual para a reabertura do Museu Nacional de Belas Artes, dando início a uma nova etapa, guiada por uma revisão histórica de suas coleções e práticas museais.

Nhemongarai, da série Cosmovisão, 2019, água-forte, água-tinta e carimbo sobre papel, 82 x 31 cm (cada parte).

Esses projetos são marcados pela presença de obras como a instalação Invasão Colonial meu corpo nosso território (2019), que poeticamente entende seu trabalho como meio de divulgação em prol da proteção coletiva, colocando em evidência o genocídio dos povos indígenas iniciado com a colonização das Américas, mas enfatizando a atualização da violência letal por meio de invasões, garimpo e grilagem, e Nhemongarai (2019), que integra a série Cosmovisão, na qual aborda a complexidade da realização de rituais devido ao aumento expansivo das plantações de organismos geneticamente modificados (OGM). Logo, a invasão das plantas sem variabilidade genética nas plantações da sua comunidade acabaram por esvaziar o poder místico do milho, que anteriormente era um elemento central nos rituais de conexão com o mundo espiritual.

Yvy Tenondé, 2022, acrílica sobre tela, 150 x 90 cm. Coleção Museu Nacional de Belas Artes.
Tatá Piriri, 2022, acrílica sobre tela, 200 x 120 cm. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Em Nheru Nher´y (2021), Xadalu Tupã Jekupé realiza um processo arqueológico, revirando a relação entre os povos indígenas e os assentamentos católicos no Sul do Brasil e reformulando traços de monumentos arquitetônicos que exemplificam o triunfo da cultura católica sobre as comunidades locais. Assim, elabora uma instalação protagonizada pelas cabeças que sustentam a Catedral Metropolitana de Porto Alegre, alertando que a cidade foi sobreposta aos que ali habitavam, efetivando um exercício de retomada próximo ao de trabalhos anteriores, nos quais ele remarcava territórios no centro da cidade como áreas indígenas, restituindo espaços de comércio da produção cultural após a expulsão dos artesãos pelas forças estatais.

Nheru Nher´y, 2021, acrílica sobre tela e Silk Screen. 380 x 280 cm (pintura), 400 x 500 cm (parede). ©2022 Nilton Santolin

As obras atualmente em cartaz na Fundação Iberê Camargo trabalham temas relacionados às cosmogonias guarany-mbyá, criando cenas relacionadas aos episódios que geraram o mundo como conhecemos, apresentando perspectivas para além dos tradicionais modos de compreensão pautados tanto pelo cientificismo cartesiano quanto pelas narrativas originadas nas religiões cristãs. Assim, elabora uma perspectiva outra sobre o modo como a gênese pode ser narrada e amplia os modelos de compreensão poética do presente, tornando-se um condutor da comunicação entre os juruá (não indígenas) e sua comunidade. Mais do que uma narrativa em prol da ampliação do acesso às histórias narradas à beira da fogueira com os anciãos da sua comunidade, ele nos apresenta uma antítese a Ulisses e distintas escalas de separabilidade entre os seres, propondo o entendimento de um sistema que considera a reconexão com a natureza, pequenos anseios de equiparação entre as matérias que compõem universos visíveis e invisíveis. Fagulhas que anunciam um novo tempo que se instaura.

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