Skip to content
Revista Amarello
  • Cultura
    • Educação
    • Filosofia
    • Literatura
      • Crônicas
    • Sociedade
  • Design
    • Arquitetura
    • Estilo
    • Interiores
    • Mobiliário/objetos
  • Revista
  • Entrar
  • Newsletter
  • Sair

Busca

  • Loja
  • Assine
  • Encontre
#31O EstrangeiroCrônica

Ninguém pode ser estrangeiro sozinho

por Léo Coutinho

Ninguém pode ser estrangeiro sozinho. Mesmo com esforço, alguém disposto a viajar dez mil milhas, escalar oito quilômetros ou mergulhar trinta mil pés só será estrangeiro se encontrar um semelhante no destino.

Na ausência do próximo, podemos ser exploradores, desbravadores, pioneiros, aventureiros. Nunca estrangeiros. Dada esta condição, com o perdão da redundância, o ser estrangeiro é antes um preconceito do que um conceito.

De modo geral, o homem comum vai com gosto conhecer o estrangeiro. Ele se prepara para olhar com bons olhos, ter novas experiências, entender culturas diversas. Há exceções, como a guerra e as colonizações, mas estas vamos deixar de lado tanto quanto possível.

O inverso, que é quando o estrangeiro vem nos visitar, divide mais os sentimentos. São corriqueiros os rankings dos povos mais simpáticos a receber visitas. Considerando só os sentimentos espontâneos, sem outro motivo que não o das relações pessoais, costumam encabeçar as listas comunidades já habituadas às diferenças, como as cidades grandes e as nações miscigenadas.

Um fenômeno interessante acontece com nações que enfrentaram a diáspora. Quando se encontram, e principalmente quando se organizam em colônias estrangeiras, descobrem e exercitam através de gerações uma solidariedade que não havia no lugar de origem, tratando com ainda mais zelo uns dos outros e fazendo prevalecer a cultura comum sobre qualquer diferença acessória.

Igual a tudo na vida, a dose conta pontos. Ao longo da história, cidades que prosperaram transando cultura e mercadorias com estrangeiros enfrentaram problemas quando a pluralidade deixou de ser uma característica para se transformar na própria identidade. Soluções como a de Nova York, capital do mundo, ou Paris, com o cidadão típico misturado a forasteiros, são raríssimas.

No plano doméstico não é diferente. Vizinhos dispostos à solidariedade incondicional são os mesmos capazes de cometer crime de sangue em caso de desentendimento. A hospitalidade contente tem prazo até para a visita mais querida. O vulgar costuma comparar os hóspedes aos peixes, que, depois de algum tempo fora do lugar, começam a incomodar. Nos ambientes de trabalho compartilhados, cada vez mais comuns nas últimas décadas, vemos colegas afinados, separados por poucos metros, preferindo conversar por meios inventados para encurtar grandes distâncias.

Este último exemplo talvez nos ajude a pensar na humanidade atual. A ocorrência da dor humana do lado de lá do globo nos comove com a mesma naturalidade com que nos acostumamos com a caatinga da miséria debaixo de nossos narizes. Deve ser algo do nosso instinto de sobrevivência.

A pergunta que proponho parte daqui: se a condição de estrangeiro depende de nós, somos todos estrangeiros ou ninguém é. Assim, seremos capazes de um entendimento universal?


Texto originalmente publicado na edição O Estrangeiro

Assine e receba a revista Amarello em casa
Compartilhar
  • Twitter
  • Facebook
  • WhatsApp

Conteúdo relacionado


Sonhos não envelhecem

#49 Sonho Cultura

por Luciana Branco

Bastidores da estrada

#5 Transe Arte

por Charly Braun

Eterno transe

#5 Transe Cultura

por Leticia Lima

Peso, Lânguida e Sísifo

#7 O que é para sempre? Cultura

Sobre o que não se pode falar

#20 Desejo Arte

por Leandro Oliveira

500.000 a.C.

#3 Medo História

por Leticia Lima

Amarello Visita: Luiz Fernando Carvalho

#23 Educação Amarello Visita

por Tomás Biagi Carvalho

O gozo de perder: ilusão e poesia com Pessoa

#30 Ilusão Artigo

por Roberta Ferraz

A todas as mulheres do fim do mundo: Elza Soares, territórios negros e demolições

#40 Demolição Arte

por Pâmela Carvalho

Old mask: John Stezaker

#15 Tempo Arte

por John Stezaker

ZHǓNBÈI XIÀNG ZHŌNGFĀNG SHĒNGHUÓ FĀNGSHÌ

#4 Colonialismo Cultura

por Antonio Biagi

Universo particular

#19 Unidade Arte

por Leka Mendes

Vestir-se da vida

#2 Nu Crônicas

por Nuria Basker

  • Loja
  • Assine
  • Encontre

O Amarello é um coletivo que acredita no poder e na capacidade de transformação individual do ser humano. Um coletivo criativo, uma ferramenta que provoca reflexão através das artes, da beleza, do design, da filosofia e da arquitetura.

  • Facebook
  • Vimeo
  • Instagram
  • Cultura
    • Educação
    • Filosofia
    • Literatura
      • Crônicas
    • Sociedade
  • Design
    • Arquitetura
    • Estilo
    • Interiores
    • Mobiliário/objetos
  • Revista
  • Amarello Visita

Usamos cookies para oferecer a você a melhor experiência em nosso site.

Você pode saber mais sobre quais cookies estamos usando ou desativá-los em .

Powered by  GDPR Cookie Compliance
Visão geral da privacidade

Este site utiliza cookies para que possamos lhe proporcionar a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.

Cookies estritamente necessários

O cookie estritamente necessário deve estar sempre ativado para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.

Se desativar este cookie, não poderemos guardar as suas preferências. Isto significa que sempre que visitar este website terá de ativar ou desativar novamente os cookies.