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#26Delírio TropicalTelevisão

Televisão: nossa menina dos olhos

por Allexia Galvão

Televisão é feita de sonho e desejo. Um objeto complexo que resplandece luz, som e múltiplas histórias. É importante refletir acerca de uma televisão que compartilha com o cinema a linguagem da imagem. Intensa e pulsante então esta será, tal como uma canção da Tropicália. E, se somos o país do samba e do futebol, da tapioca e do acarajé, de Jorge Amado, Guimarães Rosa e Caetano Veloso, numa espécie de miscelânea tropical, por que não ressaltar a existência de uma televisão tipicamente brasileira, que através da dramaturgia retoma o diálogo com a brasilidade e com a dimensão do país?

O espaço de representação da televisão hoje, os papéis que lhe são atribuídos ou que desempenha demonstram o quanto ela se tornou parte integrante, se não integradora, do cotidiano de todas as pessoas em praticamente todo o mundo. No contexto do Brasil, a nossa dramaturgia televisiva pode ser considerada a substância de maior potência do imaginário nacional e, mais do que isso, ela participa ativamente na construção da realidade, num processo permanente em que ficção e realidade se nutrem uma da outra, ambas se modificam, dando origem a novas realidades, que alimentarão outras ficções, que produzirão novas realidades.

Desde que surgiu, no início dos anos 1950, a televisão faz parte do cotidiano e dos costumes sociais do brasileiro. A partir daí o caminho é ambíguo e complexo. Alguns preferem lançar culpas as mais diversas e das mais diferentes naturezas ao instrumento midiático em questão. Televisão passa então a ser o remédio para todos os males ou o agente responsável pelos mais variados e sérios problemas, sejam de natureza social, cultural, psicológica ou mesmo pedagógica. É preferível lançar um olhar otimista e viável sobre a possibilidade de transmitir mensagens que podem (e devem) se tornar temas de debate e de reflexão pelos telespectadores a partir de novas perspectivas e de uma maneira tipicamente brasileira de se contar histórias, de acordo com a nossa realidade e DNA.

Inquestionável é o poder e o alcance da televisão. E não podemos considerar a mesma como agente solitário do entretenimento ou da cultura, em uma combinação ou em alternância excludente. A televisão é feita de estética e possibilidade educativa e possui particularidades que podem modificar a experiência do espectador com as imagens através da emoção e dos sentimentos. Em um país onde nem sempre a educação e a cultura estão ao alcance de todos, a televisão deve se utilizar tanto do entretenimento quanto da cultura para a formação social do espectador. Desafio lançado às mentes criativas, produtores e programadores dessa complexa máquina. E se hoje essa então “televisão brasileira” ganha maturidade é preciso também ter coragem para subvertê-la.

A dramaturgia na televisão brasileira foi conquistando seu espaço enquanto objeto de promoção de identidade nacional, ganhando visibilidade em torno da cultural nacional, tornando-se indispensável para a compreensão da cultura contemporânea. Além do mais, elevada a principal produto de uma indústria televisiva, a dramaturgia seriada passou a ser um dos mais importantes e amplos espaços de problematização e representações comportamentais do Brasil, expressando os paradoxos de um país múltiplo de universos, todos eles disponíveis enquanto possibilidade temática, em um tempo propício para olharmos com maturidade esses temas pulsantes e encararmos todas as verdades de um Brasil complexo e ao mesmo tempo tão único e singular.

E, se estamos presenciando frequentes transformações no cenário da televisão mundial, sejam relacionadas às múltiplas plataformas, às novas tecnologias ou até na própria forma de consumir televisão, já que agora o telespectador ganha a liberdade de montar a sua própria grade, mais desafiador se torna a missão de fazer uma televisão com identidade cultural própria, que explore novas arquiteturas e novas narrativas. Não há fórmulas, mas, sem dúvida, é preciso seduzir o olhar, despertar paixões, inspirar o espectador e transformá-lo em participador, resgatando o conceito criado por Hélio Oiticica para caracterizar o espectador como parte da obra, estabelecendo assim um fluxo contínuo de troca e entrega.

O espectador passa então a ser o sujeito da experiência das imagens, não mais aquele que está somente adiante, com total afastamento, mas aquele que está no meio de, como nos sistemas imersivos. Neste caso, o espectador é parte construtiva da experiência proposta, não mais um elemento que assiste àquilo que passa, mas um sujeito interativo que escolhe e navega na dramaturgia e reflete sobre seus sentidos narrativos.

Pensamos então na formação de uma “Transtelevisão”, a televisão como interface, isto é, como uma superfície em que podemos transitar, e na teledramaturgia, que nunca morrerá. Muda-se o suporte ou o veículo, mas a dramaturgia está sempre ali. Faz parte do inconsciente coletivo ouvir histórias, ler e contar. A imaginação trabalha diferentemente, mas as emoções funcionam de forma parecida, se comunicam, estão ali, conectadas. Estaremos sempre abertos a uma boa história. O que precisamos refletir sobre é a questão da forma, sempre a questão mais delicada. Nos dias de hoje, em meio aos incontáveis estímulos de imagens e conteúdos que consumimos, precisamos continuar avançando cada dia mais em busca de uma modulação mais criativa de narrativa e linguagem.

Uma boa televisão está relacionada à busca incansável por novas modalidades de construção estética e narrativa. É necessário considerar utopias, sonhos, dramas e apocalipses, enxergar a responsabilidade e o papel que televisão exerce sobre o cidadão. Junta-se tudo e temos um grande catalisador de mudanças. Desejos e sonhos são capazes de mover qualquer coisa. Dificuldades são inerentes, mas a busca por rupturas e transformações persiste. Deixemos que exista a Televisão Popular Brasileira.

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